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segunda-feira, 21 de julho de 2014

SOZINHA

... adoro ficar na sacada do apartamento olhando a noite engolir o dia e o dia retribuir abraçando a noite. Moro no décimo segundo andar. Consigo quase tocar as estrelas. Poucos carros na rua... Chove... Estou mais uma vez sozinha. De novo. O vinho me aquece mais que o cobertor... Está chovendo, faz frio... Meu coração está gelado, dolorido, amargo. Hoje faz nove meses que meus pais morreram. Como dói esta saudades. Ainda ouço os passos do meu pai e minha mãe na cozinha... Como pude deixá-los partir sem dizer o quanto eu os amava... O vento sopra forte... Sinto dor... Quem é que se importa? Quem é que vai chorar se eu me atirar dessa sacada? Quem vai chorar minha morte? E os homens? Egoístas... Não querem saber de nada. Não conseguem decifrar sinais tão vísiveis... Por isso, vou continuar aqui... Sozinha com minha dor... Até quando não sei. Parece que vou enlouquecer. Me sinto as vezes perdida. Me falta algo. Nada preenche esse vazio. Nenhum remédio cura essa dor. Tento me distrair, esquecer. Mergulho no trabalho. Mas tudo ficou sem sentido...
São quase duas da manhã. Não para de chover. O messenger não param de me chamar. Lobos a espreita. Caçadores vorazes. Querem meu corpo sem saber que junto levarão minha alma... A garrafa de vinho está quase no fim. Alguns apartamentos estão com as luzes acesas. Devem ser os amantes das madrugadas como eu. Devem estar chorando alguma dor ou caçando algo. Não tenho em quem confiar. Os que me parecem justos se rebelam. Eles tem pressa. Tem fome. Não aguentam esperar. Não querem entender nada. Querem apenas saciar a sede que tem. Será que entre tantos nenhum debruçara comigo nessa dor? Será que nenhum dele consegue perceber meu desespero? Será que entre tantos, ninguém consegue escutar minha voz...
Ontem tive que mudar o número do telefone. Insistentemente me ligaram justamente quando eu estava com um cliente trabalhando um projeto. Não questionam se podem. Fazem. Seguem seus instintos e fazem. Sem pensar que podem estar invadindo um espaço, sem pensar que podem ou não estar incomodando. Quando tem que telefonar, não me telefonam, não me telefonam.
Nem sei porque eu estou dizendo tudo isso? Não sei porque estou me prendendo a isso! Cada vez mais me afasto e logo vou me afastar de tudo. A viagem ainda está de pé. Se organizar tudo em tempo, tudo isso será passado. Não vou me apegar a ninguém agora. Não posso...

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