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terça-feira, 15 de julho de 2014

PAIXÕES PLATÔNICAS

O bom de escrever é poder viver todos os amores e paixões.
Nada é improvável. Nada é impossível.
Basta uma boa dose de verdades, para transformar desejos em palavras.
Beleza sempre me atraiu. Uma beleza fora do que todo mundo gosta. Eu aprecio detalhes. Gosto da suavidade. Da forca do olhar. Mãos delicadas. Um charme sutil e uma pitada de ousadia.
Sou capaz de viajar para mundos completamente inacessíveis. Sou capaz de sentir as emoções de um amor, sem mesmo nunca ter amado. Apaixonar-me instantaneamente por uma estranha. Consigo perfeitamente viver bem um amor platônico.
Quantas mulheres cruzaram meu caminho. Jamais saberão que de algum modo fizeram parte da minha vida. Não podem sonhar que eu já as amei intensamente.
É bom imaginar, detalhes e situações.
Imaginar o despertar, o mover-se, o banho, as nuances de uma vida comum.
Romances instantâneos fazem parte de mim.
Só capaz de absurdos só para ter o prazer de estar perto. Fazer aquilo que não se espera. Surpreender. Deixar marcas. Minhas marcas.
Vivi algumas situações reais. Sonhos que viraram realidade. Lembro-me de duas situações em especial.
Há muito tempo atrás, eu ainda não era casado. Todos os dias eu ia deixar minha namorada na casa dela e depois voltava muito tarde para casa. Tarde mas a tempo de pegar o último ônibus.
Shopping Ibirapuera. Todas as noites, tomava o ônibus com uma moça. Bonita, discreta. Nunca trocamos nenhuma palavra, mas os olhares falavam tudo. Isso aconteceu por vários e vários dias. Em certa ocasião não sei bem o que ocorreu, o último ônibus não passou. Ficamos ali na avenida sem saber o que fazer. Bem, parei um táxi e perguntei gentilmente se ela queria uma carona. Ela aceitou. Sentados lado a lado, não sabíamos o que falar. Eu prontamente me apresentei e assim fomos. Falamos pouco. Ela talvez tivesse receio de eu tentar alguma coisa e eu ali feliz, por simplesmente tê-la do meu lado.
O táxi parou em frente a casa dela e ela ficou me olhando. Um olhar que pedia algo mais ou eu queria que fosse. Como nunca fui de arriscar sem nenhum sinal, dei boa noite e ela desceu. O táxi deu meia volta e fui para minha casa.
Eu voltei a vê-la mais uma ou duas vezes e nunca mais.
Para mim foi imensamente marcante e gosto de imaginar que pra ela também foi. Senti o perfume dela por muito tempo...
Em outra oportunidade, no meu local de trabalho conheci uma garota, completamente fora dos padrões de beleza que eu gosto. Tinha cabelos curtos e ondulados. Voz firme. Falamos-nos sempre por telefone e eu sempre buscando descobrir afinidades. Fomos ficando próximos e nos conhecemos. Ela jogava Hand-Bol. Tinha namorado. Mas eu na verdade não estava nem ai. Eu já era casado. (calma! já sei o que está pensando – me deixa terminar). Começamos a conversar sempre e um dia surgiu à oportunidade de nos conhecermos devido a uma reunião da empresa. Tínhamos afinidade e ao mesmo tempo receio. Conhecíamos nossos limites. Mas era natural o interesse. Eu ficava imaginando seus beijos, seus carinhos. Isso me bastava. Mais uma vez vivia a intensidade de uma paixão platônica e como fazer para deixar minha marca. Certa vez ela me disse que ia viajar para Atibaia, pois tinha um jogo no final de semana. Eu prontamente me ofereci para acompanhá-la. Ela ficou muda. Eu disse que iria com ela até Atibaia. Ela ficaria na rodoviária e eu voltaria para São Paulo. E assim aconteceu. Encontramos-nos no metro e fomos para a Rodoviária do Tiete. Tomamos o ônibus e fomos. Lado a lado e eu podia sentir toda aquela energia fluindo. Corações a mil. Posso falar por mim. Conversamos, ficamos em silêncio. Nunca – acredite – nunca houve um toque de mãos, de pele, de nada. Novamente, apenas olhares. Fiz essa viagem umas duas ou três vezes. Depois nunca mais a vi. Dela lembro apenas o primeiro nome e nada mais. Tenho certeza ou quero ter, que nunca ninguém foi capaz de fazer isso por ela. Sei também que ela sabe disso.
Que coisa louca. Quantos absurdos cometi. Mas, valeu cada instante.
Claro que algumas vezes, o tiro saiu pela culatra. Mas isso, já é outra história...

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