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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

FELIZ ANO NOVO????*

Quando eu era criança, amava o Natal.
Ver minha avó montando a árvore e o presépio era demais. Era tão grande e tão iluminado que os vizinhos vinham em casa só para vê-lo. Além disso, os presentes eram lindos. Ganhava sempre carrinhos. Um presente que me marcou, foi uma Cegonheira vermelha com vários carrinhos. Outro, foi um carrinho com controle remoto chamado Stratus. Nossa, foi "show!"
Claro que nem vou falar das comidas.
Mas os Anos Novos, não me lembro. Sempre tinha uma enorme expectativa e nada acontecia. Sempre imaginava que tudo seria novo. Enquanto as pessoas ficavam vendo os fogos, eu ficava olhando no espelho para ver se eu mudaria em algo. Nada mudava.
Depois da ceia, ia correndo dormir para acordar e ver as mudanças no Ano Novo. Acordava e esperava encontrar tudo diferente; outra casa, outra rua, outro mundo.
Com o passar de tantos Anos Novos, comecei a entender que nada mudava.
Os Anos Novos serviam apenas para nos deixar mais velhos.
Todo ano eu via minha mãe mudar o calendário e eu ir para a escola para um ano mais difícil. Pensei que quando o ano mudasse e fosse Ano Novo tudo ia ser diferente, mas não era. Tudo era igual. Tudo estava sempre no mesmo lugar. O tempo passou e eu tive cada vez mais essa certeza. Nada de novo no Ano Novo. Os mesmos problemas, os mesmos sonhos e a mesma velha esperança.
Quando minha filha nasceu, ensinei a ela desde pequena que esse papo de Papai Noel não existe. Dou duro o ano todo e esse tal Papai Noel é que leva os créditos?
Não... ah, não! Comigo não!
.
QUE SEU CALENDÁRIO SEJA BEM BONITO
E QUE VENHAM SENTIMENTOS BONS E QUE SE RENOVE A FÉ NESTE ANO DE 2010.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

PALPÉRRIMO*

Sem ter absolutamente nada, Antônio sai de casa às cinco horas da manhã para procurar emprego. Sem qualificação e sem nunca ter tido carteira assinada, vivia de "bicos" que conseguia arrumar por aí. Era o típico nordestino, que desembarcara em São Paulo, sonhando com dias melhores.
Hoje, pai de cinco filhos, via a angústia de sobreviver das esmolas e das migalhas que jogavam em seu chão. O filho maior tinha seis anos e o menor, apenas 2 meses.
A mulher, com os seios flácidos, estava ali, sentada na beira da cama, pensando o que iria dar para os filhos se alimentarem.

Antônio, muitas vezes, andava o dia inteiro. Era homem que não temia trabalho. Era jardineiro, encanador, mecânico, borracheiro, eletricista, soldador, carpinteiro, marceneiro, pedreiro, pintor. Tudo o que a vida ensinou. Era forte, dotado de músculos e de uma gentileza irreconhecível nos dias de hoje. Às vezes, ganhava o suficiente para o pão e o leite das crianças. A mulher, por causa dos filhos pequenos, não trabalhava. Apenas cuidava do barraco onde moravam. Casa pobre de apenas dois cômodos. O banheiro ficava na parte de fora do barraco, o que expunha todos às mais diversas e possíveis doenças. Os móveis, em sua maioria foram achados nas muitas andanças de Antônio por aí. Não tinham televisão. A luz elétrica era puxada do poste da avenida central e nunca, nunca veio alguém para reclamar. A água era também puxada dos diversos canos e emendas. Cada barraco recebia um filete apenas de água. O banho era em canecas de água. Uma vida com certeza injusta, diante de tudo o que já havia passado. Mesmo assim, a fé parecia ser inabalável.
Antônio não conhecia ninguém nessa megalópole chamada São Paulo. Male má conhecia os vizinhos. Moravam em uma dessas milhares de favelas. Uma vida de sacrifício. Não havia prazer algum. A não ser o prazer de estarem todos reunidos quando a noite chegava. Antônio era um pai dedicado. Adorava fazer os filhos menores darem risadas. Colocava-os para dormir e se espremia na cama com a mulher. Naquele momento, parecia enfim que eram um só.
De manhã antes de sair, café preto quando havia e pão seco. Os dias se faziam dessa maneira. Algumas vezes, a mãe era obrigada a sair com os filhos pequenos para pedir comida. Algumas pessoas caridosas doavam alimentos, doavam roupas. A vida se desenhava de modo amargo.
Naquele dia, Antônio não tinha dinheiro para pegar o ônibus. Tinha que ir a pé. Eram pelo menos cinco quilômetros até o centro da cidade. Pensou que podia conseguir algum emprego, fazer algum "bico". Andava com suas ferramentas de jardinagem. Era o que mais conseguia; cortar o mato de algum jardim. Mas a sua aparência não ajudava muito. Estava abatido. As roupas estavam surradas. Os sapatos sujos e quase todo remendado. Não passava muita confiança. As pessoas cada vez mais escravas da boa aparência.
Antônio estava cansado. Parou em um bar e pediu um copo de água. Aquela água refrescava e dava mais força. Não pensava como iria voltar. Queria apenas garantir o pão das crianças e quem sabe o leite, o arroz, um pacote de bolacha. Sua mulher se humilhava mais. Antônio preferia oferecer trabalho a esmolar. Por isso, muitas vezes voltava para casa sem nada. Quantas vezes dormiu com fome para não tirar o pouco das crianças.
Estava passando em frente de uma bela casa, com um enorme jardim. Resolveu tocar a campainha e oferecer seus serviços como jardineiro. Demoraram um pouco para atender. Percebeu que tinha gente na casa, pois sentiu que o espiavam da janela. Antônio pegou a tesoura de cortar grama e mostrou. Um sinal fez com que aguardasse. Da lateral da casa, surge um velho senhor arrastando os passos.
- Pois não!
- Oi, eu faço trabalho de jardinagem...

domingo, 20 de dezembro de 2009

CULPAS*

Claro que a culpa foi minha.
Claro que procurei chifres em cabeça de cavalo.
Claro que tenho que escrever em primeira pessoa. Para que mentir? Para que inventar e dizer que não foi comigo que aconteceu? Foi sim, foi comigo e a culpa foi minha. Eu me deixei levar. Queria sentir a emoção de viver todos os riscos e corri e vivi e foi uma "merda".
A mulher era bonita, mas fria demais. Fumava e eu detestava. Era loira e minha preferência são as morenas (eu as acho muito mais quentes). Magra demais e além de tudo isso, na hora "H" perguntou se eu gostava de lingerie vermelha. Odeio lingerie vermelha e para mim nem fica bom mesmo.
Mesmo assim, deixei-me levar.
Parecia que era uma troca de favor.
Ela mentia que gostava de mim e eu fingia que acreditava, mesmo colocando meu casamento em risco.
O engraçado é que quando qualquer coisa começa com mentira, pode apostar que não dá certo. Eu menti, ela mentiu, mentimos.
O pior de tudo é que fizemos juras de amor eterno.
Tranquei a faculdade, tive uma briga de 12 horas com minha mulher que, desconfiada, aproveitou minha ausência para mexer em minha pasta e encontrou um e-mail que eu havia impresso (outra burrice).
Eu desenhei desde sempre uma história diferente.
Achava que ter uma amante era algo bacana, que daria uma nova cor e uma nova emoção para a vida. "Porra" nenhuma!
Acabou com minha inspiração. Foi o tempo que mais deixei de escrever.
O que ela tinha de melhor; o largo sorriso, o abraço e o papo que aconteceu uma vez até às seis horas da manhã.
Eu estava louco ou estava querendo ficar.
Trocar uma relação sólida, um casamento de mais de 15 anos por um relacionamento que não me dava nenhum prazer? Eu era uma besta mesmo!
Ainda se tivesse valido à pena... Que nada.
Ficaram apenas as cicatrizes de mais uma "cagada" e das feias.
Mas eu aprendi. Aprendi da pior maneira. Não se deve gostar de ninguém por fotografia, não deve ceder quando uma mulher pede seu abraço.
Sua mulher é sempre a melhor porque só ela atura você de verdade.
Voltar é sempre melhor.
"Eu te amo", virou moda; lingerie vermelha, é loucura; cigarro de cravo me dá ânsia...
Antes de amar alguém, conheça sua alma, seja antes de mais nada, seu amigo.
Nunca falei disso para ninguém. Mas por que calar? Já estava na hora de tirar de vez essa história de mim. Não quero mais errar como errei e sentir de novo a culpa que eu senti.

domingo, 13 de dezembro de 2009

CONSCIÊNCIA*

Existem acontecimentos que passam em branco em nossa vida e outros que nos marcam definitivamente.
O que aconteceu comigo não passou, ficou, marcou e está presente todos os dias na minha vida.
Certa vez, logo que eu comprei meu primeiro carro, estava feliz, querendo mostrar o carro para todos os amigos e familiares. Eu tinha 22 anos. Sentia-me no auge. Saí com alguns amigos para comemorar. Ficamos em um bar até altas horas. Depois, fiquei responsável de levar cada um para sua casa e assim fiz.
Levei o Carlos para a Região de Santo Amaro, depois o Marcelo que morava na Região da Vila Mariana, a Claudia que morava na região das Perdizes e Roberta, na região central.
Deixei um por um em suas casas e depois fui para minha casa na região leste de São Paulo. Passavam das três e meia da manhã. As ruas estavam desertas.
Quando passava por uma avenida, vi uma mulher acenando.
Seu carro estava encostado no meio fio.
Os piscas alertas acessos. Parecia desesperada. Não pensei duas vezes. Encostei o carro, desci e fui em sua direção. Não podia imaginar o que poderia acontecer. Assim que me aproximei dela percebi que ela não estava sozinha. Dois homens surgiram detrás do seu carro com armas em punho e pediram a chave do meu carro. Não pude fazer nada. Fiquei sem meu carro.
Naquele momento, jurei que nunca mais pararia meu carro para dar assistência para alguém, fosse quem fosse.
Os anos passaram, fiquei muito tempo a pé juntando novamente dinheiro para comprar outro carro.
Trabalhava muitas horas por dia, não saía aos finais de semana, não viajava, não saía com amigos, não fazia nada. Queria minha liberdade novamente. Queria sentir a mesma emoção. Aprendi a não depender de ninguém e naquele momento, o carro me daria tudo o que eu precisava.
Tinha aprendido a lição.
Foram dois anos guardando dinheiro, sobrevivendo. Dois anos de negação a tudo. Não namorava, vivia apenas para o trabalho. Consegui comprar um carro melhor do que eu tinha antes.
Era maravilhosa aquela sensação. Ouvir o barulho do motor. A liberdade de ir a qualquer hora para qualquer lugar. Eu estava muito mais precavido.
Não ficava até tarde na rua, não havia mais esse papo de levar amigos para casa.
Não desviava meu caqminho. Tinha o carro para me servir.
Mas o destino nos coloca sempre entre a cruz e a espada.
Eu havia acabado de deixar um casal de amigos na estação do Metrô e estava indo para casa.
Já passava da meia noite.
Uma cena me chamou a atenção e remeteu-me de imediato ao que acontecera.
Um carro parado, pisca alerta acesso e uma mulher aparentemente grávida estava sentada no chão.
Diminui a velocidade e passei devagar por ela. Ela chorava e pedia pelo amor de Deus que eu a ajudasse. Não ajudei. Fiquei olhando pelo retrovisor e segui viagem. Aquela cena não saiu da minha cabeça. Dirigia atormentado com aquela incerteza. E se ela estivesse mesmo grávida e se ela estivesse mesmo precisando de ajuda?
Parei o carro em um posto de gasolina e liguei para o socorro. Informei o ocorrido e o endereço e fui informado que o socorro estava a caminho.
Dei meia volta e passei novamente no local onde estava aquela mulher. O carro continuava lá.
Outros carros haviam parado. Senti-me mais seguro e parei também. Ela estava na calçada e estava em trabalho de parto.
Escutei a sirene do carro de resgate. Prontamente começaram os procedimentos.
Aquela mulher se contorcia de dor e os paramédicos realizaram o parto ali mesmo.
Um homem também estava desesperado. Era o marido daquela mulher. Ele dizia aos policiais que o carro teve uma pane e ele saiu para pedir socorro pois estava levando sua mulher para o hospital. Na pressa, havia esquecido o celular e tudo mais. Quando chegou, encontrou sua mulher caída.
Ela dizia que um carro passou e que não quis parar para ajudá-la. Enquanto conversava com os policiais, os paramédicos disseram que não foi possível salvar a criança e que a mãe ia para o hospital mais perto pois estava com hemorragia. A ambulância saiu gritando rumo ao hospital.
Eu voltei para o meu carro. Estava abalado. Sem saber o que pensar, sem saber o que sentir. Fiquei pensando... E se eu tivesse parado e socorrido aquela mulher?
Não sei porque certas coisas acontecem em nossa vida... Até hoje não sei ao certo o que pensar...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

COINCIDÊNCIAS

Todo mundo sabe ou deveria saber que São Paulo é um cidade gigantesca. Gente indo e vindo a qualquer horário e sempre. Milhões de pessoas. O que torna a cidade de São Paulo interessante é que por maior que seja sempre se encontra alguém que se conhece ou se conheceu andando pelas ruas. Paulista, Faria Lima, nos shoppings, cinemas, teatros ou até mesmo no centro de São Paulo. Sempre há um rosto conhecido e passos se encontrando.
E foi assim...
Sai da empresa aquele dia as vinte e duas horas. A noite estava abafada, quente demais. Eu não estava com menor vontade de ir para casa. Nunca gostei de dormir cedo. Resolvi pegar o carro e dar uma volta por essa cidade que não para. São Paulo não dorme. Nas ruas muitas pessoas. Bares lotados, rodas de amigos, muita gente. Desci a Sena Madureira rumo ao Ibirapuera. Liguei o som, tirei a gravata. Dirigia devagar, eu não tinha a menor pressa. Passei pelo Ibirapuera, Detran, 23 de Maio, Paulista que eu amava e acabei caindo propositalmente na Rua Augusta, um ponto de prostituição, de boates, cafetões e tudo o que gente solitária procura. Deixei o carro em um estacionamento e fui andar um pouco. Ia passando pelos inferninhos e era quase puxado para dentro. Devagar ia olhando tudo. Resolvi entrar em uma dessas boates. O ambiente era escuro, mas puder ver um grande números de garotas se exibindo. Umas com seios à mostra, outras de bikini, outras aparentemente normais. Parecia um açougue onde vc entra e escolhe um tipo de carne, mais gorda, mais magra, no ponto. Fui até o bar e pedi uma cuba libre. Fiqui alí olhando o movimento. Não pensava em nada. Não demorou e uma garota veio falar comigo, Rápida, direta e objetiva:
- Oi, meu nome é Alice, estava com uita vontade de sair daqui e ir para outro lugar. Tá muito quente e você me parece ser um cara legal.
Eu fiquei olhando aquela menina. Devia ter entre 19 e 20 anos. Não mais que isso. Tinha a pele branca, seios pequenos e um jeito meigo. Se eu a visse andando por ai, não diria que era uma garota de programa.
- Por que eu sairia com você?
- Você não está a fim é só dizer. Virou as costas e saiu. Pude olhar, seria uma bela mulher com certeza. O que será que uma mulher como Alice teria para me oferecer. Ela não deveria ter muita experiência. Fiquei pensando, seria mesmo muito bom sair dali e ter uma companhia agradável para dar um volta. Parei uma moça que passou e perguntei por Alice:
- Faz uns 10 minutos que ela saiu.
Paguei minha cuba e sai. Fui pegar o carro decidido esquecer o que houve e ir para casa. Precisava de um banho e minha cama. Sai do estacionamento e comecei a subir a Rua Augusta. Passando pelo ponto de ônibus vi Alice parada. Parei o carro, desci e fui até ela.
- Oi, eu procurei por você mas já havia saído. Quer uma carona? Deixo você em casa.
- Por que eu devo confiar em você se você não confiou em mim?
- Alice me desculpe, não foi por mal. Nunca vi uma garota pedir pra sair. Achei que isso não acontecesse. Apenas por isso. Deixa eu te dar uma carona?
- Tá bom, mas não estou a fim de ir para casa. Tô com fome.
- Vamos comer alguma coisa.
Ela entrou no carro, jogou sua bolsa no banco de trás, tirou a sandália alta e cruzou as pernas sobre o banco do carro. Estava definitivamente a vontade.
Eu dirigia sem saber ao certo para onde iria com aquele mulher.
- Onde você mora Alice?
- Meu nome não é Alice é Carla. Ana Carla. Eu moro aqui perto no centro.
- Mora sozinha?
- Com minha mãe.
As luzes dos postes passavam sem pressa por nós.
- Tem algum lugar que queria ir?
- Queria comer uma pizza?
- Tá bom. Vamos comer pizza. Eu também estou com fome.
Fomos para uma pizzaria na região do Itaim Bibi. Perto de onde eu morava. Havia uma que fechava bem tarde e eu conhecia. Sempre frequentava lá com amigos. Ela tinha uma boa aparência. Era uma mulher bonita. Sabia conversar. Ficamos ali sentados, bebendo vinho e comendo pizza. Olhei no relógio, eram duas horas da manhã.
- Bem, amei a noite, vou levar você pra casa. Amanhã levanto cedo.
- Tudo bem prevísivel. Só falta você dizer que é casado com uma mulher chata, dizer que está num final de relacionamento, que tem um filho problemático, essas coisas.
- Não sou casado, não tenho uma mulher chata, não tenho filhos, moro sozinho, sou dono da minha vida.
- Ah então vamos para a praia.
- Praia, fazer o que na praia?
- Ver o sol nascer, ver o mar, escutar as ondas.
- Não posso. São duas da manhã.
- Por favor, por favor.
Alguma coisa naquela mulher me fascinava. Não sei se essa falta de compromisso, se o espírito de aventura. A juventude despretensiosa. Sempre me relacionei com mulheres mais velhas. Centradas. Mulheres que adoravam chamar a atenção e que detestavam qualquer aventura. Ir para a praia de madrugada jamais.
- Então vamos, mas bate e volta.
- Bate e volta eu prometo que não vou abusar de você.
Eu confiava naquela menina disfarçada de mulher. Eu acabei de conhecê-la mas eu confiava nela. Abasteci o carro e fomos para o Litoral. Eu estava cansado, mas sem sono. Ela encostou no meu ombro e dormiu. A estrada estava vazia. Meu pensamentos voavam. Pensava em tudo e não pensava em nada. Lembrava da empresa e dos compromissos e esquecia. Pensava naquela loucura que eu estava fazendo e naquela mulher alí. Uma desconhecida. Ela deveria com certeza ter uma história de vida que enlouqueceria qualquer um. Senti uma vontade de protegê-la conseguia vê-la como uma mulher, como uma garota de programa.
Chegamos em Santos as 3 e meia da manhã. Ela acordou quando eu procurava um lugar para estacionar.
- Chegamos meu amor!
Meu amor??? Aquelas palavras me pegaram desprevenido. Senti o sangue ferver.
- Amor, você não tá cansadinho. Vamos para um hotel.
Estava sem palavras. Boate, passeio, pizza, praia e agora hotel. Uma leve excitação tomou conta de mim. Fui em busca de hotel beira mar. Arrumamos um quarto e fomos juntos. Ela agarrou em meu braço até o quarto. Abri a porta e ela foi e se jogou na cama e dormiu. Deitou e dormiu na mesma posição. Tirei suas sandálias, cobri seu corpo e fui tomar um banho. Estava exausto.
Depois do banho deitei do seu lado e dormi. Acordei com o sol na janela. Ela estava deitada em meu peito. Abraçada, jogada em mim. Seu perfume me seduzia.
- Aninha... Ana... Acorda...
Ela se espreguiçou e me beijou a boca ardentemente e nos amamos ali.
Ela sabia muito mais do que eu podia imaginar. Adorei ter amado aquela mulher. Ela é fascinante. Depois do nosso amor gostoso enquanto ela tomava banho eu entrava em contato com a empresa dizendo que só iria a tarde. Descemos para tomar café e acertar a conta. Depois do café, fomos dar uma volta na praia. Molhar os pés e voltar a velha rotina. Aquele amor ainda estava em mim. Posso dizer com certeza que desde que conheci o amor de uma mulher, aquela tinha me pegado de jeito.
Subimos a serra. Ela estava mais calada. Eu também estava calado.
O vento que entrava pelas janelas do carro resfrecavam meus pensamentos.
- Vamos nos ver novamente? - arrisquei perguntar.
- Não sei, pode ser.
E novamente ficamos em silêncio...


CONTINUA