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quarta-feira, 23 de julho de 2014

Feito de batalhas

Não tem coisa pior para um homem do que se sentir inválido.
Inválido em todos os sentidos da palavra. No trabalho, no amor, na vida que acontece todos os dias ao abrir os olhos. Ando por aí e vejo homens largados, andarilhos, mendigos vasculhando lixo, pés no chão, corpo coberto de sujeira. Sem amor, sem valia, sem nome, sem dignidade, sem nada.
Difícil entender como pensam, como se sentem e, se sentem algo.
Não consigo imaginar uma vida sem vida.
Um amanhecer sem expectativas. Para mim, todo dia é uma surpresa.
Acordo e me visto de esperanças. Boas, más, mornas, intensas, derradeiras. Que importa?
Preciso de vida. Preciso sentir a vida acontecer.
Não me imagino na solidão de dias iguais. Sem olhares, sem virtudes, sem romance, sem encanto, sem histórias. Tenho fome de vida. Fome de me sentir útil. Fome de amar e ser amado.
Sou ativo. Hiperativo. Preciso pensar sempre. Manter sempre meu cérebro oxigenado. Minhas emoções e sensações à flor da pele. Preciso me sentir útil. Não quero ficar ao sol, olhando a vida passar. Detesto ficar à toa. Detesto olhar o mundo girando, e eu, parado. Não sei viver sem amar, sem amor, sem nada que agrade aos meus olhos, nada que não coloque algum sabor em minha vida.
O ócio me incomoda. Dormir até tarde me incomoda. Meu corpo sente. Minha alma grita. Sou feito de exageros. Sou feito de sonhos, de ventos, de alegrias, tristezas. Da essência pura da vida. Não posso parar. Preciso de movimento. De incêndios e tempestades. Sou feito de guerras, de lutas e de tantas e tantas batalhas.
O ócio me mata. A mesmice me consome.
Preciso sentir meu sangue aquecido. Busco sempre vida, histórias, encantos e sempre o remanso do meu recanto. Também preciso de paz. Estar em paz. Envolvido na paz dos que me amam. Preciso descansar. Repousar meus pés e minhas mãos. Nunca minha cabeça, meu pensar. Jamais minha alma.
Tenho sede de vida.
Não gosto de anti-heróis, de parasitas. Não gosto de quem fica olhando sua cara lavada no espelho. Não gosto do comodismo. Se não estou em guerra, estou afiando meu machado. Minha vida sempre foi assim. Nunca esperei acontecer. Nunca esperei que me dessem abraços. Sempre fui empurrado, jogado, largado. Sorte? Eu faço.
Não sei ficar parado. Corro atrás daquilo que acredito. Vivo.
Certo ou errado, faço.
Não vou parar até que a vida se esgote em mim.
Até que não haja mais ninguém para amar.

Até que não haja mais o porquê de poesia. Nenhum romance. Nenhuma vida.

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