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quarta-feira, 15 de junho de 2011

DE VOLTA PARA CASA

De volta para casa

Imagine só, segunda-feira, saída do expediente às 18h00min.

O céu está carregado. Vem chuva por aí. A fila do ônibus está imensa. Só de pensar que vou demorar mais ou menos duas horas para chegar em casa, desanimo. Nada de interessante. As mesmas pessoas de sempre. O mesmo desconforto e eu me perguntando por quê? Será que vou morrer sem ver o brilho do sol nos meus dias?

Me conformo. Ligo o mp3. Presente do dia dos pais. A bateria está descarregada. Vejo uma menina comendo pão de queijo e sinto meu estomago revirar, abro a carteira, encontro apenas minha identidade castigada como eu pelo tempo, uma imagem de nossa senhora e uma moeda de dez centavos.

Finalmente um ônibus encosta. Um desses ônibus enorme, bi articulados. Coisa de cidade grande. Encho meu peito de esperança. Tinha certeza que desta vez eu ia poder ir sentado. Poderia cochilar e esquecer todo esse perrengue. A fila começa a andar. Estou quase no final da fila. Vejo as pessoas se acomodando. Parece que não tem fim. Um a um como nos tempos de escola.

Começo a ficar aflito. Os lugares vão sendo ocupados. Quero desesperadamente contar quantos lugares ainda sobram. Não consigo. Alguns idosos aparecem e tem preferência de embarque. Deixo de lado minha cidadania e começo a xingar aqueles velhos filhos da puta em pensamento. O que fazem esse horário na rua?

Consigo entrar no ônibus e olho na busca desesperada de um lugar. Duas pessoas na minha frente para passar a catraca. Olho e percebo que há dois lugares. Os olhos correm desesperados. Os meus e os dos outros. Passam e ocupam os lugares. Eu vou de pé até o fim do mundo.

Olho desolado, imaginando qual dos passageiros podem descer num ponto mais próximo. Olho um rapaz com estilo de boyzinho. Parece que não iria para o fim do mundo. Estava sentado no corredor perto da porta de saída. Era um sinal. Fiquei perto dele em pé. Rezando para que ele descesse no ponto mais próximo. E assim, o ônibus iniciou sua peregrinação. Uns já estavam desmaiados. Outros mexiam no celular. Alguns liam e outros como eu, iam pensando se a morte não seria a melhor saída. Eram mais 18h30min quando o ônibus saiu. Eu de pé amaldiçoando aquele rapaz que eu nem conhecia. Ficava xingando em pensamento. Todos os palavrões que alguém pode imaginar e os que não podem também. Rezava o credo, a ave-maria, o pai nosso para aquele infeliz levantar e eu poder sentar e descansar um pouco.

Ele começou a se arrumar. Olhava para fora como se procurasse um lugar ou alguém e como num milagre, ele levantou e antes que desse o primeiro passo eu já estava sentado em seu lugar. Respirei aliviado e pedi perdão para Deus por tê-lo xingado. Me ajeitei no banco. Do meu lado um homem já estava no quinto sono. O tempo fechado. O transito parado e eu nem ai. Já estava sentado. Não me preocupava mais com nada. Derrepente começou a cair o mundo. Uma chuva que vinha de todos os lados. Eu abria somente um olho para ver a situação e foi ai que o caos se instalou. Foi ai que senti que Deus estava se vingando de mim. Foi então que eu percebi que tinha nascido verdadeiramente pra me fuder e que milagre na vida de pobre é mau sinal. Eu estava sentado embaixo da tampa de ventilação e inevitavelmente pingos começaram a cair em minha calça, depois na minha blusa e depois no meu rosto, na minha cabeça. Nessas alturas eu olhava para cada gota que caia como se eu pudesse desviá-la. Olhava para aquele buraco no teto do ônibus e com a força do pensamento, tentava parar aquela enxurrada em meu rosto. Nada fazia aquilo parar. Eram gotas grossas, densas. Eu sabia que chovia mais em mim do que em qualquer outra pessoa no mundo e eu me perguntava apenas, por quê?

Eu xinguei Deus, Jesus, todos os discípulos, a Virgem Maria, os anjos, arcanjos, querubins. Não havia nada que pudesse me acalmar. Eu queria apenas descansar. Sabia que ia demorar para chegar em casa. Que mal ia ter tempo de beijar minha mulher, meus filhos. Mal ia ter tempo de jantar, tomar um banho, dormir que eu já teria que acordar e começar tudo de novo.

Cada pingo me fazia pensar em tudo. Olhava as pessoas em seus carrões. Olhava as pessoas paradas nos pontos de ônibus. Pensava se podia no mundo ter alguém pior do que eu. Procurei dentro de mim, algo que pudesse me trazer paz, mas cada pingo daquele em meu rosto, ia me fazendo cada vez mais odiar o mundo. Não sei quanto tempo fiquei ali me remoendo. Eu sabia que não levantaria dali por nada. Fiquei me consumindo.

O homem que estava desmaiado ao meu lado acorda num sobressalto e olha assustado para fora e diz: - passei meu ponto e alucinado deu sinal para o motorista. Ia descer no próximo ponto. Eu feliz da vida sentei em seu lugar. Ainda estava quente e eu nem reclamei. Amei. Me aconcheguei e agradeci a todos os santos. A Deus, a Nossa Senhora, anjos, arcanjos e querubins. Fechei os olhos e me vi abraçado a minha esposa e aos meus filhos.

Alguns quilômetros na frente e o ônibus começou a engasgar. Eu nem me mexi. Não arrisquei abrir os olhos. Não podia acreditar. O ônibus parou e o motorista gritou. – Pessoal este não anda mais. Vamos esperar o próximo. Eu fiquei ali fingindo que dormia. Não queria acreditar. Escutava as pessoas falando alto, xingando e eu ali fingindo que estava morto. Logo começaram me cutucar. Um desespero para me tirar dali e eu queria ficar ali mais cinco minutos. Desci desconsolado. Olhei para o céu e disse: Valeu senhor, muito obrigado.

A chuva havia diminuído e depois de passarem por nós cinco ônibus lotados, consegui embarcar. Fui em pé. Massacrado, pisado, esmagado. Cheguei em casa depois de três horas e meia.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

PARA VOCÊ HOMEM...

Palavras apenas não me conquistam. Tem que ter atitude.
Não gostos de frases feitas e de palavrinhas de efeito. Não pense que me iludo que me convenço é preciso muito mais. É preciso inteligência, sagacidade. É preciso estar atento ao que sinto ao que penso. Não pense que vai ser fácil. Não será. Não quero flores, nem bombons. Isso é antigo, é démodé.
Quero um bom papo. Uma boa conversa. Quero me conheçam que me sintam que me percebam. Não faço convites eu espero ser convidada. Quero me sentir querida, não quero dengos em demasia, quero verdade por pior que seja. Não quero ver seu pau. Não ligo a webcam. Não vou sair de casa para encontrar ninguém. Seria muita pretensão se você acha mesmo que eu faria isso sem ao menos conhecer você. Não me mande convites. Para de dizer que sou linda a todo o momento. Diga apenas uma vez e de verdade, de coração aberto, porque sente que sou linda, que minha alma é linda.
Não pergunte o que quero, faça. Não me pergunte o que gosto em um homem, descubra. Seja sábio... Sou complicada, sou mulher. Eu menstruo, fico chata, insuportável. Não me preocupo com idade, com aparência, físico. Preocupo-me sim com sua honra, com sua dignidade. Quero saber se trabalha e o quanto trabalha. Se pode ir a qualquer hora. Não vou trazer ninguém em minha casa. Não vou colocar ninguém em minha cama. Estou solteira por opção. Por falta de opção. Não gosto de balada. Gosto de curtir minha casa. Sair com minhas poucas e quase nenhuma amiga. Gosto de poesia, de música, gosto de dançar, gosto de sutileza. Amo fazer sexo, fazer amor. Amo o mar, andar na praia sozinha ou de mãos dadas.
Não me venha com conversa fiada. Na quero ser mais uma. Um troféu. Não falo da minha vida, do meu passado, só quando quero.
Amo comer, amo viajar. Viajo muito. Estou sem em trânsito. Não sou ciumenta. Comigo você faz aquilo que quiser apenas saiba que você responderá por aquilo que você fizer. Não sou de perguntar, de falar, sou de ouvir... Sou amante, amiga, leal, companheira, cúmplice, mulher. Só não sou mãe. Não quero um filho, quero um homem...

VAI TER QUE SUAR

Não pense que vai ser fácil...
Você pode até conseguir, mas vai ter trabalho. Não vou dar moleza. Não vou abaixar minha guarda. Não mudar meu jeito. Não vou nada para lhe agradar, a não ser que você mereça e se merecer terá tudo de mim. Não sou do tipo de mulher à toa. Não gosto de balada. Não gosto de gente que ri à toa, de gente que grita. Gosto de vozes baixas, quase sussurrando.
Não pense que vai me ganhar com elogios, com palavras ditas para todas as mulheres ao mesmo tempo. Como quer me conquistar se nem ao menos se deu ao desfrute de ler meu perfil. Fica dizendo que sou linda, que sou maravilhosa e nem sequer sabe minha idade, não sabe onde moro o que faço.
Sou mulher não quero convidar, quero ser convidada. Não sou água, sou fogo. Eu queimo. Sou rosa cheia de espinho. Cão raivoso. Víbora venenosa. Não me iludo. Não me deixo seduzir. Não me importo com idade, me importo com atitude, com força na medida certa. Não sou anjo, nem sou princesa. Prefiro ser chamada de "Fiona".
Não pense que vai chegar e me levar pra minha cama. O único corpo que cada nela é o meu.
Sou mau humorada, direta, franca, gênio forte, de personalidade. Apenas um homem me escravizou, me fez chorar. Apenas um homem rasgou e maltratou meu coração e agora nenhum mais. Nenhum mais me enganará, nenhum mais fará de mim, submissa. Não acredito mais.
Não vou fazer o menor esforço para agradar. Não mover um dedo. Não vou dar um passo em nenhuma direção. Você quer, vai ter que usar toda sua criatividade, bom senso, bom humor, toda sua elegância, charme, vai ter que usar toda sua inspiração, transpiração. Faça e me terá do seu lado. Faça e serei eu sua amante, amiga, mulher, cúmplice... Você pode desisitir, ainda é tempo. Você pode procurar alguém que lhe dê maiores condições. Eu apenas preciso ter a certeza de quem é você, do que realmente quer e do que é capaz de fazer. Não sou uma deusa. Não me julgo a melhor, a mais bela de todas. Sou apenas uma mulher que sabe o que quer e saiba que estou vestida de solidão e se eu morrer sozinha, morrei feliz...

SOU AZEDA, INSALUBRE

Sou a maldita, a fera...
Não vergo, não me dobro...
Sou a noite sem lua...
Sou madrugada fria...
Sou brisa...
Sou do silêncio...
Me vesto de solidão...
Sou mulher...
Sou amarga, azeda, insalubre...
Arranho, uivo, mordo...
Não arrisco...
Não vou...
Não saio...
Não tenho medo...
Conheço os olhares, as palavras...
Sou a maldita, a preferida...
Sou amarga, azeda, o sonho, o pesadelo...
A distância, a saudade, o bem querer...
Sou a morte, a dor, o vestígio...
O invísivel...
O beijo que se quer...
O fel...
A língua...
Sou ousadia... Quietude...
Sou esquina...
Sou pomba-gira...
Me embriago com veneno...
Não morro
porque já morri...

VILA MADALENA

Ontem, depois de ter ficado a esmo na internet, sai e fui para Vila Madalena. Fiquei lá, no bar de minha preferência... Bebi uma garrafa de vinho e fui fazer o que mais gosto que é pegar a estrada de madrugada... Parece que meu carro já sabe o caminho e o caseiro parece que sempre está me esperando. Ele sabe que gosto de chegar sempre de madrugada e não se assusta mais. Cheguei em Bertioga passavam das duas e meia. A casa estava fria. Eu estava com frio... Fiquei na sala me consumindo por todos os pensamentos que quem e vão... Estar ali me fazia bem... A dor fazia com que me sentisse viva... Fiquei enrolada no cobertor olhando o mar... Como pude ser tão tola... Como puder acreditar por tanto tempo em alguém. Eu estava cega, surda, louca... Meus pais morreram com esse desgosto... Lembro da última conversa com meu pai... Das minhas últimas palavras... Não tive tempo de pedir perdão. Minha mãe morreu segurando em minhas mãos. Sua boca estava seca. Ela olhou em meus olhos e disse: - Eu perdoou você.
Depois disso, percebi que eu não tinha mais ninguém para me defender. Depois disso percebi que agora eu tinha que tomar minhas próprias decisões. Eu não queria lapidar o que meu pai havia me deixado. Eu sabia que se continuasse com ele, era isso que ia acontecer. Então, procurei o advogado da família e entrei com o processo de separação. Ia ser um processo longo. Ele iria querer parte dos bens que meu pai havia deixado... Ele não ia ficar com nada... Nem que para isso eu tivesse que me desfazer de tudo...
Aquele silêncio me engolia... Pude ver o dia clareando... Eu estava sem pregar os olhos a mais de dois dias... Tinha reunião de negócios... Precisava estar bem... Mesmo tempo uma equipe competente eu estava na frente dos negócios. A empresa era minha. Fui tomar um banho. Despedi-me do caseiro e voltei pra São Paulo...

INDO

Não me venha falar de amor... Não me venha com palavras desconexas, sem sentido... Não terás mais do que meu desprezo... Detestos esses hipocritas que falam em nome do amor... Detesto esse mundo xulo... Esse mundo doente... Cada vez me fecho mais... Cada vez me isolo mais... Estou com vontade de sair desse lugar... Ir para outro lugar mais distante. Onde não me conheçam, onde não falem meu idioma. Estou cheia desses homens que não não pensam... Dessas mulheres vulgares que fizeram de sua alma o templo de coisas à toa. Detesto essas pessoas que falam em nome de Deus, essas pessoas que vivem em tribos, em bandos, mascarando sentimentos. Detesto esses homens que precisam beber para criar coragem. Detesto a violêncio, gritos, badernas, baladas, cerveja, drogas... Detesto que não não olha nos olhos, detesto que só que se ver pela webcam...
Vou embora daqui.
Vou pra bem longe.
Vou abandonar o computador, o celular, iphone, ipad, mp3, 4, 5,6... Vou comprar uma máquina de datilografar. Vou me fechar...
Estou fazendo uma pesquisa. Uma cidade na Grécia chamada Lamia na Grécia Central. Uma cidade que é minha cara. Vou buscar mais informações. Estou precisando mesmo de férias. Depois de tudo. Não adianta eu insistir e ficar aqui, buscando. Posso deixar a Jéssica morando em minha casa até eu voltar. Não preciso me preocupar com nada. Posso ir tranquila. Passar uns três meses...
Estou de saco cheio de tudo isso...
Preciso dar um tempo... Esquecer tudo e voltar...

PRECIOSO DEMAIS

Não perca seu tempo com sonhos impossíveis.
Eu não perco mais, meu tempo sonhando acordada. Eu não fico mais parada, esperando que aconteça. Aprendi com meu pai, que atitude é tudo. Sonhar apenas não basta.
Sei qual é minha realidade, minhas verdades, conheço meus limites, minhas limitações. Nunca vivi de promessas. Ainda creio no amor. No amor possível. Amor real. Amor que não machuca. Amor que não quer o mal... Sei o quanto dói a rejeição... Sei como é chato ouvir um não... Eu ouço não todos os dias. Eu mesmo digo não para meus sonhos irreais.
Não perca seu tempo com conversas que não levam a lugar nenhum. Seja coerente nas suas palavras, nos seus pensamentos. Não se iluda. Não se perca.
Em algumas situações é melhor ter um pouco, do que não ter nada...

NÃO ALIMENTO

Não sou má.
Sou sincera.
Ontem assistindo um filme com Robert de Niro e Al Pacino, li uma frase que Robert de Niro que disse:
- Não se apague a nada que você não posso abandonar quando precisar.
É isso. Não prometo nada a ninguém. Não crio expectativa. Não faço promessas. Não pergunto. Não chamo ninguém. Fico observando. Deixando as palavras sairem. Elas nascem com uma agilidade fora do comum. Algumas agridem, outras são vazias. Eu não quero e não vou me apegar a ninguém e não quero que ninguém se iluda comigo. Tenho meus pés fincados no chão. Não me iludo com sonhos que não são meus. Vivo sozinha porque quero viver. Porque quero deixar que minha dor me consuma aos poucos. Não quero que ninguém me veja chorando. Não quero que me sintam fraca, insegura. Não quero depender de ninguém para me levantar. Quando precisei me deixaram só. Agora não quero ninguém. Tenho minha vida. Trabalho, me sustento. Vou para onde quiser, quando bem entender.
Não sou mimada. Já fui. Não enrolo. Quando não gosto digo. Não sou mal educada, muito pelo contrário. Educação é o que mais tenho. O que dá pra aceitar, é maneira grosseira que um homem trata uma mulher. Eu tenho direito de escolher com quem eu quero falar. Tenho o direito de me corresponder com quem eu quiser. Tenho direito de excluir quem eu bem entender, a hora que eu bem entender. Posso fazer isso aqui, apertar o delete e confirmar. Queria poder fazer isso fora daqui... Na realidade do dia a dia...

terça-feira, 19 de abril de 2011

A culpa é de quem...

Meu avô conheceu minha avó no mercado municipal. Minha bisavó e meu bisavô que eu não conheço, tinham uma banca de frutas. Eles namoraram casaram e mesmo meu avô não querendo que minha avó engravidasse, eis que surge a bem quista Roseli, minha tia. Tudo estava bem. Eis que minha avó engravida novamente e mesmo contra a vontade do meu avô, nasce Marina, minha mãe. Pelo que sei, nunca foi uma criança querida, sofrida desde o nascimento, foi criada a esmo, a Deus dará e deu. Deu uma cruz enorme e assim começou através de erros lá no passado bem remoto, o calvário de todos nós, filhos dos Santos. Minha mãe, Marina, conheceu meu pai, Ricardo, cinco anos mais velho que ela. Eis que minha mãe com apenas quatorze anos resolve casar com meu pai. Claro que para se livrar da cruz, meu avós aceitando a rebeldia de minha mãe consentiram. Deveriam ter dado uma surra, trancado-a num quarto a sete chaves. Minha mãe casou com um homem que não trabalhava, que bebia, que vinha de uma família desorganizada. Eu os conheci quando eu tinha vinte três anos, mas isso é uma outra história. Minha mãe casada, foram morar em uma casa que ficava nos fundos da casa da minha avó (materna). Pelo que me consta, uma mulher violenta e super protetora, mais tarde eu confirmei isso. Bem, minha mãe engravidou e deu a luz com quinze anos de idade, ao meu irmão João Carlos, que logo no nascimento, foi praticamente adotado como filhos, pelos meus avôs (maternos), pois julgavam que minha mãe não tinha condições de criá-lo, mas deixaram que ela casasse, sei... Depois de um tempo, não sei ao certo, nasceu meu segundo irmão Sergio e Deus o poupou desse calvário, carregou para o céu novamente. Depois heis que nasce Eduardo, eu, o filho do meio. Pelo que minha mãe conta, o filho que mais tempo, por infelicidade do destino, conviveu com o pai. Desde o nascimento, compartilhei com minha mãe a dor. Meu pai chegava em casa bêbado e agredia minha mãe. Não tínhamos luxo, nem conforto e meu avô Carlos, pai do meu pai, levava água com açúcar para que eu tomasse e pudesse dormir. Um ano se passou e nasce aquela que nos salvaria de todo esse martírio, minha irmã, Andréa. Como era a única neta, meus avôs maternos se compadeceram e tiraram minha mãe e eu do sacrifício e nos acolheram em sua casa na Avenida Bosque da Saúde. Esses relatos são fragmentos que colhi nas conversas com minha mãe, meu avô. Minha avó nunca falou sobre isso. Minha mãe foi trabalhar e minha avó Lourdes ficou encarregada de cuidar dos dois netos. Dois, porque meu irmão foi adotado como filho. Eu e minha irmã, netos. As lembranças que tenho dessa fase são ótimas. Todas as minhas boas lembranças trazem minha avô a memória. Da minha mãe consigo lembrar de quando comprou nossa primeira televisão branco e preto e que eu pude assistir o pica-pau. Outra coisa que me lembro era seu terrível mal humor. Lembro-me também que sempre muito apegado a ela. Fazia planos. Quando eu crescesse, ia comprar uma casa e cuidar da minha mãe até ela ficar velhinha. Eu esperava ela no ponto de ônibus quando ela chegava do trabalho, Eu a buscava com o guarda-chuva. Penteava seus cabelos, beijava seu rosto. Lembro-me também que acordava cedo e ia comprar pão e leite e deixava a mesa pronta para que todos tomassem café. Da minha avô, lembro de todas as noites perdidas comigo no pronto socorro quando me atacava a crise de bronquite. Saíamos de madrugada e ninguém nos via. Fazia inalação e voltávamos. Minha avó dormia comigo no sofá. Eu não podia dormir no quarto com meu irmão. Meu peito chiava muito e ele não conseguia dormir. Eu e minha avó dormíamos no sofá. Ela nos levava para a escola e nos buscava. Lembro que brincava e brigava muito com meu irmão, Quando num acidente cortei os pulsos, minha avó correu comigo para uma clínica. Sua blusa amarela se lavou de sangue e graças a ela e ao médico de plantão, não perdi os movimentos da mão direita. Eu era assim, terrível. Meu avô? Não se preocupe. Logo logo ele aparece. Meu irmão jogava bola. Ruim demais, corintiano, puxou o pai sem saber. Era e é até hoje a cópia mais fiel de dois seres humano. Minha irmã sempre a frágil, a doente, a debilitada. Spo sabia rir. Nós a chamávamos de risoleta. Eu era o endiabrado, o inquieto, o furacão branco. Eu sempre fui rueiro. Adorava ficar na rua com os amigos de infância. Brincávamos livres. Há no Bosque da Saúde, uma praça com um morro bem íngreme, gramado. Lá passávamos a tarde escorrendo em folha de papelão. Falávamos sobre meninas e no dia da festa de São Cosme, São Damião e Doum, esperávamos afoitos as oferendas de doces deixadas embaixo das árvores. Comiámos doces, bebíamos guaraná e voltamos felizes para casa. Na escola eu era um terror. Sempre vivo, sempre sorridente. Eu minha shorts jeans que minha avó fez, camisa de manga curta

quinta-feira, 3 de março de 2011

CONFISSÃO

“Tava cansado de me sujeitar a certas humilhações. Tentei trabalhar honestamente como minha mãe me ensinou. Mas tem hora que não dá. A criança em casa esperando a comida. O aluguel vencendo. Cê trabalha como um louco e na hora de receber eles vem querendo te guarfar e ficar com parte do que é seu por direito! Mas comigo não é bem assim que funciona. Mano, já trabalhei de tudo o que podia. Já fui faxineiro. Ficava limpando a merda dos outros. Incrível como os cara de dificuldade de mijar dentro da porra do vaso. Mulher então nem se fala. Ce você fica pensando que banheiro de mulher é limpo e perfumado, cê ta enganado. Mulher também faz a suas merda. Joga papel dentro do vaso, “modess usado”. É foda. Mesmo assim no dia do meu pagamento o dinheiro tava lá. Era pouco mais o dinheiro tava lá no dia certo. Depois mano, fui trabalhar de ajudante de pedreiro. Cara é foda, você quer ver neguinho se achando é você dar um cargo de poder pra ele. Eu tava fazendo tudo certinho. Tava cimentando a calçada, tava sol pra caralho e eu ali no maior trampo. Já tinha mexido o cimento, já tinha carregado lata. Tava de boa agora só deixando a calçada lisinha. Ai vem o troxa me esculachando dizendo que meu serviço tava uma merda. Mano quando eu vi ele pisando na calçada que eu tinha acabado de cimentar, ai eu num agüentei. É foda! Depois fui com um tio meu trabalhar com ele catando papelão. É osso ficar puxando carroça. Ficar revirando lixo, catando o resto dos outros, mas mano, cheguei a ganha 30 conto num dia. Chegava em casa morto, mas levava o pão o leite e uma pedaço de carne. Minha fazia um mexido e a criançada adorava. Eu durmia feliz. Acordava cedo, pegava a carroça e saia pela cidade e não vai pensando que é fácil. Num pode invadi. Cada um tem seu espaço. Porra essa merda de cidade é grande pra caralho e neguinho brigando por causa de lixo. É foda! Um dia eu tava com minha carroça cheia. Tinha conseguido pegar uns ferros que ia da um troco no final do dia. Tava na minha. Final de tarde ai vem uma tiazinha com o carrão do ano buzinando atrás de mim. A carroça tava pesada. A rua tinha um pouco de subida. Eu num tinha espaço, tinha que anda no meio da rua e vagabunda atrás de mim buzinando. Mano, aquela porra foi me enchendo, foi me dexando com os nervo exposto. Pior que eu não tinha como para. Se eu parasse a carroça descia. A raiva foi tanta que eu parei pra discuti com a madame. Quando eu tentei para, a carroça me jogou pra cima. Imagina só eu fiquei cum as pernas no ar e a carroça foi descendo e num deu outra bateu no carro da mulher. Eu pulei e já fui xingando. Quando ela me viu tratou de fechar os vidros. Só vi ela pegando o telefone e ligando pra alguém. Num demoro tava o marido da mulher e mais umas vinte viatura de polícia. Foi um rebu. Ela saiu chorando disse que eu tinha ameaçado ela. Que eu fiz di propósito. Tinha que ver a cara da madame. Essas loira aguada que nunca pego no batente. Caso cum esses home rico e acha que é a dona do pedaço. Num custava nada ela ispera um pouco. Se fudeu. Na minha carroça num aconteceu nada, já no carro dela o estrago foi feio. Ai os policia queria me leva pra delegacia e u disse que num ia e num fui mesmo. O marido dela achou melhor deixa pra lá. Um carrão daquele com certeza tinha seguro. Ninguém respeita. Ficam buzinando, jogam o carro em cima, xingam. Quanto mais luxuoso é o carro pior é as pessoas. Ai mi enchi e fui fazê outras coisa. Um dia tava lendo um desses jornal do metro e tava lá um anuncio de emprego que dizia que contratava sem experiência. Tinha que leva os documento pra faze uma entrevista. Os documentos eu tinha. Era pruma vaga dessas pessoas que fica no telefone ligando pra casa dos outro. Eu cheguei lá na hora marcada e tinha um monti de gente. Tudo um moleques. Uma menina nova com os peito tudo de fora. Como é que vai procura trabalho dessa maneira. Mandaro eu preenche uma ficha e a mulher perguntou se eu sabia lê e escreve, pode? Será que eu tenho cara de analfabeto? Só podi. Sabe, lê eu sei e escreve também. Estudei até a oitava serie e depois tive que fazer meus corre. Família grande. Tinha além de mim mais cinco irmão e minha mãe. Meu pai abandonou a gente quando a gente mais precisava. Ai, sem saída e com pouco dinheiro, a mãe levou nois tudo pra mora na favela. Juntou um dinheiro e comprou um barraco. Eu lembro bem. O barraco era pouco maior que a carroça que eu puxava. Lá morava nois tudo e a mãe cuidava de outras criança e também custurava pra fora. Eu saia com meus irmão pra pedi as coisa na rua. Minha mãe ensinou nois a nunca rouba. Dizia que a gente tinha que trabalha e foi o que nois fizemo. As vezes eu tava uns tapinha num cigarro de maconha mas nada que minha mãe pudesse perceber. Bom ai eu comecei a trabalha nessa empresa. Tinha muita gente. O trabalho era fácil. Eu tinha que liga pra cada dos outro vendendo um produto. Trabalhava pouco e ganhava até que um dinheiro bom. Logo no começo eles mandaro eu abri conta num banco. Logo eu que nunca tinha mexido cum essas coisa. Ele precisava depositar o pagamento na conta. Comecei a me sentir importante. Num desses sobe e desce, conheci uma menina chamada Iasmim. Uma menina de mais ou menos dezenove anos. Escolada. Já era mãe de uma menina. Trabalhava lá de manhã, a tarde cuidava da filha e a noite era dançarina numa boate no centro de São Paulo. Eu gostava do jeito dela e pelo jeito ela também gostou do meu jeito. Não demorou muito e eu tava morando com ela. A casa ficava no terreno da mãe. Sabe esses terreno grande onde mora toda a família junto, então era assim. Na casa da frente morava a mãe. Ela era dona de um bar. Essas mulher que vem do norte. Cara de mulher brava. Mulher de bigode. No fundo tinha a casa da Iasmim, a casa da irmã dela a Claudia e o marido, a casa do outro filho o Marco e a namorada e seu filho. Eu deixei minha mãe e fui morar com ela. Mas num pensa que eu esqueci minha mãe. Na verdade, essa história esta apenas começando. Nois se dava bem. Eu cuidava da filha dela como se fosse minha filha. Num tinha o menor problema. A gente saia pra passia, ia nu Shopping, comprava ropa pra ela e pra mim e pra criança também. As vezes a gente brigava mas não era nada sério. A gente tomava umas breja junto e tava tudo bem. Num deu muito certo porque as pessoas lá queria cuidar da vida da gente. Sabe como é, muita gente falando, querendo cuida. Ai nois resolvemos alugar um quarto só nóis mora. A gente trabalhava e podia paga. O legal é que a gente ia junto trabalhar. Deixava a pequena na creche e saíamos de mãos dada. A gente fazia planos. Eu fazia ela rir muito. De domingo a gente ia visitar minha mãe e meus irmão. Passava na padaria comprava frango assado, refrigerante, ai era uma festa. Tava tudo indo muito bem na minha vida. Sempre segui os conselhos da minha mãe. Ela sempre dizia que se você faz o mal, o mal sempre volta. Ela não tinha criado filho vagabundo. Ela fez nóis tudo estuda e eu como filho mais velho tinha que ficar de olho nas minhas irmãs. Sabe como é, os homens não dão moleza. Sou homem e sei como ele pensa.

Mas ai, um dia lá na empresa eu fui chamado na sala de reunião. O chefe foi logo falando que estava contente com meu desempenho, com minha dedicação. Disse que por causa dos resultados a empresa ia me dar uma chance e ia me promover, mas que eu precisava com essa promoção cursar uma faculdade. Claro que agi normalmente como se aquilo não fosse surpresa pra mim. Sai de lá e fui correndo procurar minha preta. Queria conta que eu ia me dar bem e que ela era o motivo de tudo isso. Eu estava eufórico. Eu ia ser promovido e ia fazer faculdade. Tudo isso era demais. Queria contar pra minha mãe. Eu ia fazer um treinamento e depois eu já passaria a receber como supervisor. O salário aumentava. Ia dar pra arrumar uma casa melhor e quem sabe até pensar em ter um filho nosso. Olha de catador de lixo, de faxineiro eu ia ser supervisor. Ia ter que andar de gravata. Coisa xique. Comecei até pensar em comprar um carro pra poder viajar.

Só que as coisas sei lá porque começaram a dar errado e ai que eu me revolto e brigo com Deus. Minha mãe ficou doente e mal podia cuidar das minhas irmãs. Falei pra preta que eu ia ter que ficar com minha mãe por uns dia até ela ficar bem. Ai começamos a discutir porque ela não queria. Começou a falar da minha mãe e ai não prestou, perdi a cabeça e dei um murro na cara dela. Vi o olho dela inchar na mesma hora. Tentei falar com ela mas ela num queria saber. Começou a me bater e a me xingar de tudo quanto é nome. A pequena começou a chorar. Os vizinhos vieram e levaram ela dali. Eu fui pra casa da minha mãe. A coitada tava de cama e eu num ia conta pra ela o que tinha acontecido. Eu tava lá cuidando dela quando bateram no portão. Era a polícia. A preta tinha ido à delegacia dar queixa de mim e os homens vieram me pegar. Minha mãe que tava ruim ficou pior quando viu eu sair de lá algemado. Eu nunca fugi da briga. Eu tinha feito a merda agora tinha que assumir. Na frente do delegado e a preta, disse que e tinha dado um murro nela quando ela começou falar da minha mãe. A preta disse que foi errada mesmo e resolveu não prestar queixa. Ela saiu de lá primeiro que eu e depois disso não mais nos falamos. O delegado me fez passar uma noite na delegacia pra pensar no que eu havia feito. Quando eu estava na cela, o carcereiro disse que o delegado mandou me chamar. Tinha acontecido algum coisa com a minha mãe e ele me liberou. Fui pra casa correndo e já tinha levado minha mãe para o hospital. Eu não ia me perdoar se tivesse acontecido algo de ruim com minha mãe. Cheguei no hospital e recebi a notícia que minha mãe tinha acabado de falecer.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

VIAGEM

Estava na cara que aquele era o tipo de relacionamento que jamais iria dar certo. Eu sou um homem de 40 anos e juro pra você que eu não sei onde eu estava com a cabeça ( na verdade eu sei sim). Eu mergulhei de cabeça naquele decote. Não me preocupei em saber qual era a idade daquela menina. Para mim uns vinte dois anos. Ela tinha dezesseis. Como eu ia saber? As meninas de hoje crescem e se comportam com mulheres. Assim que bati os olhos naquele decote maravilhoso que ostentava um volumoso par de seios, percebi de imediato um sorriso por parte daquela mulher, menina. Aquele ser. Ela me olhou bem nos olhos e sorriu. Fiquei meio desconcertado, meio que sem graça. Logo eu! Não podia embarcar nessa.
O metro estava cheio. Tentei disfarçar mas tinha curiosidade para saber se era mesmo para mim aquele sorriso. Aquele decote me atraia. Ela começou a se arrumar. Percebi que ela ia descer na próxima estação. Levantou e veio em minha direção. Olho bem para mim e disse:
- Você vai descer na próxima?
- É um convite? - perguntei de imediato.
- Depende das suas intenções.
- As melhores possíveis.
Mais uma vez ela sorriu maliciosamente. Fiquei olhando. A porta abriu e ela desceu e me chamou. Eu estava com certeza enfeitiçado. Sem pensar acabei descendo. Não lembrei que minha mulher estava me esperando na estação final.
Ela subiu a escada rolante e parou antes das catracas e eu feito besta fui atrás. Eu não sabia o que falar, o que pensar. Me aproximei dela. A essa altura não conseguia controlar minha excitação.
- Ela apoiou os braços em volta do meu pescoço e me perguntou quase sussurando no meu ouvido:
- O que você estava olhando com cara de tarado?
- Eu estava olhando pra você!
- Você gostou dos meus peitos? Aposto que está louco para dar uma boa chupada neles!
- Você conseguiu perceber isso só de olhar?
- Não. Claro que não! Estou sentindo pelo volume da sua calça!
- Você me deixou assim!
- Eu não fiz nada!
Devagar ela veio e beijou minha boca. Parece que naquele momento não existia nada. Esqueci as horas, esqueci do mundo. Foi um beijo quente. Cheio de paixão ou sei lá o que! A todo momento ela me chamava de tarado. Aquilo me excitava. Podia sentir o cheiro da sua pele. Podia sentir os seios dela contra meu peito. Ela me beijava e me apertava. Ela olhou no relógio e disse que precisava ir embora. Me deu seu telefone e pediu para eu ligar pra ela assim que eu chegasse em casa.
- Eu sei que você é casado. Mas sei também que você tá louco pra me comer! Me liga!
Se despediu de mim com um beijo quente e de leve senti sua mão descer até minhas pernas. Eu estava euforico. Depois desse dia tudo em minha vida mudou. Nos falamos varias vezes. Nos encontramos e o que eu não sabia era que eu estava sendo vigiado. Eu não sabia e não podia imaginar que minha vida estava sendo vasculhada, revirada. Em pouco tempo fui do céu para o mais profundo de todos os infernos...



quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Tanto que já fiz - 1

Lembro-me de ter começado a trabalhar cedo demais.
O meu primeiro emprego efetivo foi na banca numa feira em São Paulo (banca não). Recebi um convite de um amigo para ajudar ele e seu pai na feira. Logo imaginei que fosse uma banca que vende-se frutas, verduras. Que engano. O pai dele era marreteiro e tinha um tapume onde jogava várias meias e vendia. Algo bem irregular. Se chegasse a fiscalização, era corre-corre certo. Como pagamento ganhei um par de meias é claro.
Uma vez eu estava no interior de São Paulo, a cidade era Birigui. Um circo tinha acabado de chegar na cidade e eu queria ir, mas minha avó não quis me dar dinheiro. Fiquei na porta do circo um tempão até que o dono do circo do circo disse que eu podia trabalhar vendendo pipoca e assim poderia assistir ao espetáculo. Foi o que fiz. Coloquei um chapeuzinho e peguei uma bancada de pipoca e sai vendendo na platéia. Na hora de ir embora para casa o dono disse que ia me pagar. Me levou para uma Kombi e fechou a porta. Começou a me mostra revistas pornograficas. Eu tratei de chutar a porta e sai correndo. Jurei que nunca mais ia trabalhar dessa maneira. Juro que escapei por pouco.
Já trabalhei de ajudante de pedreiro, mas não deu certo. O mestre de obras deixou cair um tijolo baiano na minha cabeça, mandei ele a merda e vim embora. Já fui ajudante de eletricista. Não deu certo. Trabalhei com vendedor do Círculo do Livro, meu chefe andava comigo na rua cobrando metas. Fiquei escondendo meus contratos fechados e ele me cobrando. Com o saco cheio das cobranças peguei os contratos, rasguei todos e entreguei para ele. Fui embora também. Às vezes andava o dia inteiro sem ter o que comer. Época que o cachorro quente no centro de São Paulo custava R$ 0,50 e vinha com duas salsichas e ainda ganhava um suco grátis. Eu me fartava. Isso era o que eu comia. Andei muitas vezes com sapatos furados ou com pregos na ponta para não deixa que caísse a sola no meio da rua. Depois conto um pouco de tudo o que eu já fiz...