Seguidores

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

COMO VOCÊ*

Eu não sou como você. E também não sou como você gostaria que eu fosse. Desculpe-me. Estou tentando acertar. Na verdade, tento acertar todos os dias e cada vez mais parece difícil agradar você. Janelas fechadas incomodam você. Lixo acumulado, cama desarrumada. Louça na pia e a janta por fazer. Parece que sou apenas isso. Talvez porque eu fique o dia inteiro aqui, tentando criar algo que tire você de onde está e enfim possamos sonhar juntos os mesmos sonhos. Será?
Eu não sou como você. Eu não tenho a alma assim tão nobre. Não sou paciente, não falo como você, mansamente. Eu grito, explodo, xingo quando algo sai errado. Já quebrei tantas coisas, mas uma coisa eu digo com toda a certeza, eu não estou ficando louco. Muito pelo contrário, estou cada vez mais lúcido e eu, nesse meu mundo letárgico, consigo ver as coisas com mais clareza como se eu usasse o tempo todo, óculos de terceira dimensão.
Desculpe-me, não sou como você.
Eu até já fui, quando nos conhecemos, quando resolvemos que caminharíamos juntos todas as tardes depois da nossa vida. Mas devagar tudo foi mudando. Meus olhos foram se abrindo e derrepente o que é importante para você, pode ser que nesse momento, não seja tão importante para mim. Não venha me falar de amor. Não é disso que eu estou falando. Estou falando do meu lado racional. Não posso agora, deixar meu coração falar por mim. Se deixar, farei tudo diferente do que quero. Coração, emoção, sentimentos, deixam a gente assim, mais vulnerável. Não quero ser vulnerável nesse momento. Quero apenas fazer as coisas acontecerem e é difícil "pra caramba". Acordar e tomar café da manhã sozinho. Passar o dia entre sonhos e pensamentos. É tanta coisa na minha cabeça que jogar o lixo, lavar a louça, estender uma roupa no varal passam desapercebidos.
Não sou como você que olha detalhes. Que se importa com as pequenas coisas. Pensamos nesse momento de maneira diferente, além disso mulher, existem mil maneiras de falar as coisas e esse é o ponto. Não pense porque passo o dia todo aqui, morrendo de dor nas costas, mergulhado em pensamentos e poesias que não estou ligado em tudo o que acontece. Sei que abrir a janela é importante para renovar o ar, sei que devo beber água, sei que preciso caminhar, mas agora não há tempo para isso, preciso ficar onde estou para que um dia possamos caminhar juntos de mãos dadas, rindo de tudo isso. Não estou ficando e não vou ficar louco. Ao contrário, renovo-me todos os dias. Não estou preocupado comigo. Estou preocupado em realizar as coisas que são importantes para você, mas esse é um trabalho solitário, ingrato às vezes.
Sou diferente de você. Muito diferente.
Você conhece o português e me corrige. Você lê o que eu não leio, vê o que eu não vejo. Está atenta aos mais sutis detalhes. Percebe tudo. Capta tudo. Certas coisas que nem eu vejo. Você vê.
"Estou tentando ligar para você. O telefone só chama".
Não gosto que saia de casa assim. Não gosto de dormir longe de você. Não gosto de deitar e não falar boa noite. Tenho pesadelos e você não atende esse celular. Que merda.
Queria tanto lhe dizer Bom dia. Dizer que não sou como você queria que eu fosse, mas que vou me esforçar muito para ser. Vou beber água, vou jogar o lixo, abrir as janelas, arrumar as camas, varrer o chão e fazer amor com você (só não prometo todos os dias. Você sabe que não sou mais o mesmo menino de antes), vou ler todos os seus e-mails e respondê-los, vou olhar cada potinho que você deixou na geladeira, vou fazer a janta, lavar a roupa. Se isso trará você para perto de mim, pode ter certeza que farei. Na verdade eu sempre fiz (não todos os dias é verdade), mas eu sempre fiz, sempre cuidei de você. Desculpe-me por ontem. Você estava certa, mas errou no jeito de falar. O mais engraçado foi ver sua briga com o micro-ondas, tentando fazer arroz. Isso foi demais. Pode deixar amor, hoje eu peço o gás.

sábado, 19 de setembro de 2009

A VIDA É ASSIM*

Fui tirado dos braços de minha mãe aos seis anos. Nunca disse nada para ninguém. Nunca reclamei e jamais esqueci aquele momento de dor profunda. Fui jogado em uma família com maiores condições que a minha. Sei o motivo da minha mãe fazer o que fez. Para ela alimentar oito filhos não era uma tarefa fácil. Às vezes, dividíamos um pacote de bolacha. Dormi muitas vezes com isso em minha barriga! Do meu pai, eu não me lembro.
No dia em que aquela mulher veio me buscar para morar com ela, ao olhar, sabia que nada era e nada seria às mil maravilhas. Sabia, na minha inocência, que aquela mulher não era um poço de bondades. Vi minha mãe recebendo o dinheiro de suas mãos e depois, suas lágrimas escorrendo. Havia algo que me assustava.
Fui sem olhar para trás, nem para minha mãe, tentando escapar de tudo aquilo. Não consegui escapar.
A minha nova casa era grande. Ganhei um quarto no fundo da casa. Era simples. Uma cama, um criado mudo, uma garrafa de água. Havia uma comoda, com alguns lençóis e algumas toalhas. Não havia janela, nem banheiro. Ela me colocou no quarto e saiu. Chorei demais. Eu devia ter seis ou sete anos. Tudo ali era novo e não havia mais ninguém. Lembrava da minha mãe chorando quando pegou o dinheiro. Fiquei aliviado porque sabia que por alguns dias, meus irmãos teriam o que comer. Adormeci e fui acordado aos trancos. Aquela mulher dizia que era para ir tomar um banho, pois logo viriam me buscar. Senti um calafrio tomar conta de mim. Nunca esqueci daquela sensação. Chegaram dois homens e uma mulher. Tiraram a minha roupa e um dos homens começou a me examinar. Enquanto isso, a mulher que pagou por mim, discutia com a outra sobre valores. Vi uma pasta de dinheiro. Só depois fui entender que aquela mulher, que minha mãe considerava uma santa, tinha me vendido de novo para outras pessoas por um valor maior. Fizeram eu colocar uma roupa branca e me colocaram num carro com mais seis crianças. Todas pareciam ter a mesma idade. Estavam como eu, assustadas. Na minha idade, eu não tinha a noção de tempo, mas me lembro que o carro que estávamos andou por muito tempo. Quando paramos, todas as crianças foram colocadas em um quarto. Eram depois chamadas uma a uma e gritos eram ouvidos. Hoje sei que aquele lugar tinha um forte cheiro de éter. Estavam todas amedrontadas. Eu só queria sair daquele lugar, mesmo não sabendo onde eu estava. Queria fugir. Minha mãe sempre dizia que eu era muito esperto. Lembro que olhei tudo e vi no canto do teto um alçapão. Foi por ali que escapei com a ajuda das outras crianças. Ainda pude ouvir os gritos de desespero daquelas crianças que tentaram fugir e não conseguiram. Joguei-me no meio do mato porque tive medo que eles me achassem. Passei a noite no meio do mato. Foram horas e horas chorando. Assim que o dia clareou, sai do mato e comecei a andar. Encontrei um carro da polícia e logo me abordaram. Eu estava com fome e chorava. Não conseguia falar e quando falava as palavras eram desconexas. Depois que comi, consegui falar e contar o que havia acontecido. Falei da casa e das crianças e a polícia logo cercava o local. Descobriram que ali funcionava uma clínica clandestina. Eles retiravam os órgãos das crianças e os vendiam. Encontraram corpos de pelo menos cinco crianças e mais cinco foram encontradas ainda com vida. Foram presas três pessoas. Não soube nada sobre aquela mulher. Fui colocado em um orfanato e depois de alguns dias fui adotado por um casal que não podia ter filhos. Eles não souberam da verdade. Não souberam o que havia acontecido comigo e que havia em mim, um passado. Cresci, estudei e virei médico. Cuidava de pessoas idosas.
Num dia que parecia comum, entendi que não existem dias comuns. Entrou no meu consultório uma mulher amparando uma senhora que havia caído no banheiro da sua casa. Eram pessoas humildes que moravam ali na periferia. Olhei aquelas duas e algo soou dentro de mim. Atendi e naquelas conversas de médico e paciente, fui somando informações. Era minha mãe e minha irmã e eu, não disse nada...

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

SAUDADE*

Não sinto saudade.
Não sinto saudade de quem, de um jeito ou de outro, está perto de mim. Se sentir falta, ligo, viajo, envio um torpedo, acesso o msn, vou até ela. Saudades eu sinto de quem eu sei que nunca mais verei. Sinto saudade da minha sogra, já falecida, Dona Janete. Sinto saudade de um amigo que foi para o Japão, Carlos Massao e nunca mais nos falamos. Sinto saudade, por exemplo, da casa de Caraguatatuba. Ficava na praia das Palmeiras. Era bem simples, mas foi ali que passei os melhores dias da minha infância. Ela não existe mais. Foi demolida. Fizeram um enorme sobrado. Disso, tenho saudade.
Não sinto saudade da minha mãe. Sei que ela está bem. Sei onde ela mora, sei seu telefone e também sei que posso vê-la quando quiser. Posso falar com ela ao telefone. Posso ainda abraçá-la. Só não sinto saudade. Saudade é, para mim, uma palavra ingrata que faz sofrer duas vezes. Uma vez por lembrar e outra vez por não poder voltar.
Não sinto saudades.
Não adiantaria sentir. Não resolveria nada.
Seria bom sentir saudade e fazer voltar em um passe de mágica. Se pudesse, voltaria justamente na Praia das Palmeiras, lá em Caraguatatuba. Era bom demais. Meus melhores amigos estavam lá, meus melhores dias foram naquele lugar. Andava muito de bicicleta, pescava demais e vivia como um peixe no mar. Lá, aprendi a andar a cavalo, aprendi a amar o vento e conheci Iemanjá. Se sentisse saudade, doeria-me não poder voltar, mas gosto de me lembrar, de recordar sem sentir saudade.
Tenho uma amiga que diz que é impossível viver sem sentir saudade. Que só não sente saudade quem não tem um passado, quem não deixou nada para trás. Eu queria pensar da mesma maneira, mas não consigo. Defino a saudade como algo muito mais intenso, um sentimento muito profundo, íntimo, único... Um sentimento que nos remete às nossas mais profundas lembranças.
Não sinto saudades. Não gosto. Dói demais. Machuca.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

TERRA ESTRANHA*

Faz algum tempo que venho me afastando de tudo.
Afastando-me principalmente das pessoas.
Criei para mim um mundo, onde sou meu Deus, meu rei, meu escravo, minha prisão e minha liberdade. Cansei dessa mania que se criou de odiar livremente. Hoje as pessoas estão más. Basta um esbarrão e se ganha um inimigo. Se pudesse, as pessoas jogariam as outras nos trilhos do metrô só para poderem pegar seu lugar. Todos viraram inimigos.
Faz algum tempo que decidi viver sozinho, mesmo cercado de vizinhos e morando num bairro de mais de 500.000 pessoas, não conheço e não converso com ninguém. Mesmo assim, as pessoas me olham com aquele olhar de indiferença.
Do meu mundo, consigo ver melhor os absurdos. Consigo ter um discernimento melhor sobre como pensam as pessoas e olha, mesmo distante, assusto-me com o pensamento e atitudes de algumas pessoas.
Tenho sim alguns contatos virtuais. Falo sim com algumas pessoas que, ainda distantes, parecem ser reais. Percebi que não sou o único que vive numa terra estranha. Várias e várias pessoas sentem-se como eu, isoladas em ilhas e mundos distantes. Encontram-se casualmente para falar de nada e sempre com o dedo apontado para a tecla delete . Se disser algo que não condiz com a realidade que se criou, é só deletar. Cheguei a pensar que eu estava ficando louco por não querer mais contato com as pessoas, mas não sou.
Faz tempo que vivo com as cortinas fechadas. Não sei mais qual é a cor do dia. Às vezes, escuto a chuva, de vez em quando, um sobrevivente toca minha campainha para vender produtos para matar baratas. Os crentes não tocam mais, já sabem que não estou mais aqui. O mais interessante é saber que tudo está adaptado para quem vive como eu. O comércio entrega a compra que preciso. Os mercados funcionam 24hs por dia, posso pagar as contas pela internet, a locadora entrega e retira filmes em casa. O sexo está disponível em todos os canais e como sou casado, não me preocupo muito com isso. Quem sofre com isso é minha mulher, que precisa sair sozinha. Quase não viajamos mais. Não temos amigos, nem parentes que nos fazem visitas. Minha filha ainda vive no mundo exterior. Ainda sai para balada com os amigos, mas às vezes se recolhe e fica também sem querer ver ninguém. A maldade é algo muito aparente. As pessoas que ainda vivem soltas pela terra estranha vão se degladiando e desaparecendo.
Criei um mundo à parte, onde posso ficar como expectador assistindo a derrota do bem.
Quem é do bem, está escondido dentro da sua própria realidade.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

VERDADES*

Definitivamente, aquele não era seu dia de sorte. Se é que esse dia existia. Carlos chegou cedo na empresa de computadores e logo foi chamado pelo chefe. Haviam dado falta de um notebook. Ele era responsável pelo setor e era o único que ficava na empresa depois que todos iam embora.

Quando Carlos conheceu aquela garota, seu sexto sentido dizia que ela seria encrenca certa. Não quis escutar e se deixou envolver. Ela era linda. Dezoito anos. Sorriso envolvente, corpo sedutor. Jámais tinha feito sexo com uma mulher tão intensa como Priscila. No começo e como todo começo, tudo correu às mil maravilhas, até que numa noite de sábado, o telefone toca. Sem pensar, Priscila pede que Carlos vá ao seu encontro. Eram dez horas da noite. A família reunida saboreando uma pizza. Carlos era pai de duas moças. Uma de quinze anos e uma de 11 anos. Estava casado há mais de 20 anos. Claudia era uma mulher extremamente presente em tudo. Já haviam discutido sobre a mudança repentina de comportamento de Carlos. Ele andava aéreo. Não dava atenção direito para as filhas e nem para a esposa. Andava gastando demais com cartões de crédito. Logo ele que sempre andou corretamente com tudo.

- Quem era no telefone?

- Um cliente que está com problemas no computador e precisa de manutenção. É aqui perto. Vou e volto num pulo.

- Você vai sair agora?

- Preciso formatar o computador dele. É um cliente muito importante. Tem uma firma e sempre faz a manutenção com a gente. Ele ligou para os técnicos e não conseguiu falar com ninguém e como sempre atendo, ele me ligou.

Ela sabia que ele estava mentindo. Carlos não era de dar explicações. Ele também não era de sair de casa no sábado à noite para atender clientes em domicílio. Com o coração partido e com todas as dúvidas e inseguranças, Claudia consentiu. Viu Carlos se arrumando, pegando a chave do carro, abrindo a porta, despedindo-se com um beijo frio e seco...

Carlos estava nervoso.

Encontrou Priscila no mesmo lugar de sempre. Ela, para variar um pouco, estava totalmente exuberante. Seios quase à mostra, pernas expostas. Andava assim pelas ruas. Morava com uma avó depois que seus pais resolveram se separar. Disse que não iria ficar com nenhum dos dois e não ficou. Abandonou os estudos. Quando não estava trancada no seu quarto, estava com os amigos bebendo. Já havia sido detida algumas vezes por pequenos delitos. Abusa da avó. Sabia que sendo a única neta, tinha quase todos os seus pedidos atendidos. Priscila gostava de arriscar. Sempre.

- Já não pedi para você não me ligar em casa?

- Ah, meu amor, desculpa. Tava sozinha. Queria ver meu garanhão. Tô morrendo de vontade de você.

- Priscila, não posso demorar. Hoje é sábado, estão todos lá em casa. Minhas filhas, minha esposa. Não posso demorar.

- Tá bom. Vamos dar uma rapidinha. Eu aceito. Melhor que nada. Vamos, me leva pra algum lugar.

Carlos se sentia dominado por aquela menina. Ficava bobo, entregue, sem ação. Adorava sua vitalidade, sua energia, sempre disposta a tudo. Ela não tinha medo de nada e ele se sentia assim. Quando estava com ela esquecia tudo. Ria, divertia-se, falava, até planos fazia. Depois, quando voltava para casa, o mundo parecia ruir. Fizeram amor até amanhecer. Carlos não sabia o que ia dizer em casa. Não podia tomar banho e sua roupa estava com o cheiro daquela noite. Vestiu as roupas, deixou dinheiro para que ela fosse de táxi e o notebook que ela havia pedido de presente.

Saiu sem pensar em nada. Não conseguia pensar em mais nada. Fazia mais de 6 meses que estava naquela vida. Tudo estava uma grande bagunça. Seu casamento desmoronando, o trabalho cada vez pior e aquele menina que exercia um poder sobre ele. Decidiu que não voltaria para casa. Deixou o carro em uma rua qualquer e saiu caminhando. Não levou nada. Apenas a carteira. Parou em um bar. Abriu a carteira e viu a foto das filhas. Letícia e Gabriela. Lembrou da esposa e de tudo o que ela havia passado nesses anos todos. Viu-se encurralado. Sem perspectivas e sem caminho. Passou o domingo andando.

Definitivamente, aquele não era seu dia de sorte. Se é que esse dia existia. Carlos chegou cedo na empresa de computadores e logo foi chamado pelo chefe. Haviam dado falta de um notebook. Ele era responsável pelo setor e ele era o único que ficava na empresa depois que todos iam embora.

- O que aconteceu com você? Nunca vi você assim! Todo mal vestido, barba por fazer. Parece que não dormiu!

- Não sei o que aconteceu com o notebook. Vou ver se dei alguma saída errada.

- Carlos, além disso, há também um desfalque no caixa. Fechamos com dois mil na sexta feira. Hoje abrimos com mil reais a menos.

- Não sei o que dizer.

- Você foi o último a sair na sexta feira.

- Não consigo pensar. Aconteceram-me tantas coisas. Preciso comer alguma coisa, lavar o rosto e ligar para minha casa. Depois vejo o que houve.

- Carlos, tem gente aí te procurando.

Carlos olhou e viu a sua esposa entrando com a polícia. Ela chorava muito.

- Senhor Carlos, o senhor conhece Priscila Thomaz?

Olhou para a esposa. Sabia que havia acontecido alguma coisa. Não havia mais como mentir.

- Conheço sim.

- Ela foi encontrada morta no Hotel Alameda. O registro do hotel diz que o senhor esteve com ela. Preciso levá-lo até à delegacia. Foi encontrado esse notebook com ela e essa quantia em dinheiro. O senhor conhece esse computador? Tem o nome dessa empresa!

Carlos olhava para a esposa, olhava para o chefe e pensava nas filhas...

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

AMOR MENDIGO*

Sempre gosto de alguém. Sempre procuro dar o melhor de mim. Ser leal, ser fiel e me vejo sempre sozinha e recebo sempre um: "agora não quero me amarrar" ou "não crie ilusões" ou ainda "não me espere".

E ninguém para me dizer onde é que eu estou errando.

Será que sou amiga demais, será que sou boazinha demais?

Não sei ser diferente...

Quero continuar acreditando em um príncipe encantado, quero continuar acreditando que vale a pena gostar de alguém de verdade, quero acreditar que em todos os momentos preciso ser eu. Não é possível que tenho que mudar, não é possível que deva ser má!

Não gosto de brincar de amar. Não quero me sentir apenas um remédio. Quero alguém que goste de mim de verdade, pelo que sou. Não quero alguém que me queira bem. Quero declarações, quero mensagens, cartas de amor.

Será que sou errada pensando assim?

Será que todo romantismo se perdeu?

Não quero que tenham dó de mim... Quero amor de verdade... Um bem querer que me faça bem... Quero alguém que goste de mim, que goste das coisas que eu faço, das coisas que gosto... Quero alguém que me ligue no meio da noite para dizer que acordou pensando em mim... Não quero andar por aí mendigando amor... Não quero ser estepe... Não quero que me procurem quando não tiverem mais ninguém... Quero que sintam minha falta, quero que venham atrás de mim... Não posso ser errada... As pessoas do meu lado se dando bem e eu apenas ganhando amigos... Às vezes penso em acabar com tudo. Apagar amigos, rasgar fotos, esconder-me para que ninguém me ache...

Não vou mais mendigar amor. Não vou mais ficar vasculhando corações, não vou ficar correndo atrás feito cão sem dono! Não vou mais abrir meu coração, não vou mais permitir que beijem minha boca sem sentirem nada. Se quiserem uma amiga, serei apenas amiga e nada mais. Vou deixar meu coração de lado, vou matar minhas emoções e sentimentos. Não serei mais a mesma. Nem esperarei mais quem nunca chega.

Serei eu, fechada em mim. Vivendo meus sonhos e minhas fantasias sem dizer nada para ninguém, pois eu sei, um dia aquele alguém especial ira bater em minha porta. Aquele alguém surgirá em meio às nuvens das minhas incertezas. Alguém surgirá e roubará meu coração e fará parte de um sonho que já sonhei e já vivi.

Eu sei...

- do blog - doces descobertas - http://descobertasdoces.blogspot.com