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domingo, 26 de julho de 2009

PARA ONDE FOI TODO MUNDO*

Parte 1




2006.
Era aniversário de Eduardo. Ele estava completando sete anos. Como as crianças de sua idade, já sabia ler e escrever. Tinha, além das aulas normais da escola, aulas particulares de inglês, informática, violão e ainda fazia nas horas vagas, natação.
José, pai dedicado, fazia todas as vontades do menino. Talvez por se tratar de filho único e também por ter tido uma infância de privações, oferecia ao filho uma vida de luxo e conforto. O menino tinha tudo em seu amplo quarto de um apartamento em um bairro nobre de São Paulo. Televisão, aparelho de som, telefone, computador, brinquedos e poucos livros. Era normal. As crianças não mais se interessavam por livros. Viviam “conectados” a um mundo cheio de...
Os amigos começavam a chegar para a festa. Eram amigos da escola, primos, amigos dos amigos, amigos dos primos. Logo, o salão de festas do prédio estava lotado. A animação da festa não era mais feita por palhaços. Eram agora animadas pelos DJ. A música era sempre barulhenta e agitada.
José se preocupou em montar a festa exatamente como o filho pediu. Instalou computadores para as crianças ficarem conectadas, contratou uma lanchonete famosa para cuidar da comida. Bolo com velinhas e parabéns estavam fora de cogitação.
Dudu era o dono da festa. Menino educado recebeu todos os amigos e agradeceu a todos pelos presentes e presentes e presentes e presentes recebidos. Eram muitos presentes. O seu quarto ficou lotado.
Dona Ana, mãe de Dudu e esposa de José, tratou de arrumar tudo. Detestava bagunça e coisas espalhadas. Cancelou a folga das empregadas e andava pelo prédio controlando as ações da criançada. Eram hiper-ativos. Lembrou dos seus tempos de criança e reclamou em pensamento:
- Não vejo a hora dessa criançada toda ir embora.
Sabendo que ninguém podia ouvir seus pensamentos, tratava todos com uma paciência e uma cordialidade impecáveis. Logo, tudo voltaria ao normal. Ficava olhando de longe. Sentia um pouco de ciúmes do tratamento de José com seu filho. Antes, todas as atenções eram para ela. Depois do nascimento de Eduardo, tinha ficado em segundo plano. Era mãe e esposa dedicada, mas sempre reclamava que José estragava o filho fazendo todas as suas vontades. Mal saía um brinquedo, Dudu ganhava. Os brinquedos em sua maioria eram importados e ocupavam um guarda roupa inteiro. Todos em perfeito estado. Na caixa, protegidos de tudo e de todos. Até mesmo o menino Dudu não tinha acesso aos jogos e brinquedos. O que ele gostava mesmo, era dos jogos eletrônicos e do computador de última geração que o pai comprou.
Dona Ana resolveu ir até o quarto para ver o que o filho tinha ganhado. Entrou no quarto e ficou perdida em meio a tantos embrulhos. Os tios e avós, sempre davam roupas. Os amigos “CDS” para vídeo game. Um embrulho chamou a atenção de Dona Ana. Era um pacote simples. Olhou dos lados e resolveu abrir. Deu de cara com um livro de Monteiro Lobato. Deu com os ombros e tratou logo de colocá-lo na gaveta. Estranhou, pois nunca seu filho tinha ganhado um livro. Ainda mais um que falava de lendas como Saci, Boitatá, Curupira e companhia.
(...)

5 comentários:

  1. Cuando he leido tu perfil me daba un poco demiedo ser tu seguidora tuya pues no soy poeta,sí adoro la poesia de pequeña,adoro todo los campos de la creatividad y veo que eres un buén narrador y una bella persona,importante la humildad en un grán poeta y transmitir,.lo haces.Gracias por compartir,.besos

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  2. Parabéns, Eduardo , pelo seu talento e por sua persistência e garra!!!!
    Um abraço

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  3. Perdão, não comentei o post.Seria tão bom se todos pensassem como a pessoa que presenteou o "Dudu"... Livros abrem os caminhos para a vida.

    Um abraço

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  4. Oi Eduardo!
    Obrigado por visitar xanadu/poesias.
    Gostei do seu trabalho aqui, voltarei mais vezes.
    A gente vai se falando...
    Abraços
    Tácito

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  5. _______________________________________

    ...o melhor de todos os presentes!

    Gostei do seu modo de conduzir a narrativa...

    Voltarei com certeza!

    Beijos de luz e obrigada, pela visita...

    _______________________________________________

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