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quarta-feira, 29 de julho de 2009

APARÊNCIAS*

... o que eu acho?
Acho que seu casamento é um casamento de aparências.
Ninguém age como ela agia. Nenhuma mulher se comporta como ela se comportava. Tava na cara. Eu era peça fundamental para que ainda se sentisse amada. Para que ainda se sentisse viva.
Ela tinha de tudo. Vida completamente estável.
Não conseguia entender e achar um lugar para mim. Logo eu que nem tinha um lugar para cair morto. Talvez eu alimentasse suas fantasias e desejos. Era arriscado e ela não se importava. Parecia que não tinha nada a perder.
No começo, eram apenas conversas despretensiosas. Jamais podia imaginar que um dia, falaríamos sobre isso. Ela nunca me confessou que seu casamento era coisa falida. Nunca reclamou que o marido deixasse faltar nada. Ao contrário, fazia juras de amor eterno. Ela era duas. Duas em uma.
Sempre me buscava, sempre me queria por perto. Ela sempre me incluía nas suas fantasias.
O que eu acho?
Na verdade, em todo e qualquer sentimento, há dose de um veneno chamado amor. Derrepente, as pessoas criam seus castelos, criam suas mentiras e se alimentam dela. Cada um quer apenas sobreviver diante do seu próprio caos. Ela apenas quer ser amada. Ela quer apenas ter alguém que possa amenizar sua solidão, mesmo que negue, há sim solidão em seu mundo.
Ela é uma mulher bela. Uma mulher que chama atenção por onde passa. Não posso dizer mais porque não sei mais. Tenho apenas a convicção que algo não vai bem e que se fez a fantasia do amor para que o amor próprio não morresse. Uma espécie de fuga ou sei lá que nome se pode dar para tudo isso.
O que eu posso e o que eu vou fazer é estar sempre por perto porque não há nada melhor que fazer bem para alguém. Ela também me faz bem. Da sua maneira... (continua)

texto escrito na época da faculdade de direito. 1994

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