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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

COINCIDÊNCIAS

Todo mundo sabe ou deveria saber que São Paulo é um cidade gigantesca. Gente indo e vindo a qualquer horário e sempre. Milhões de pessoas. O que torna a cidade de São Paulo interessante é que por maior que seja sempre se encontra alguém que se conhece ou se conheceu andando pelas ruas. Paulista, Faria Lima, nos shoppings, cinemas, teatros ou até mesmo no centro de São Paulo. Sempre há um rosto conhecido e passos se encontrando.
E foi assim...
Sai da empresa aquele dia as vinte e duas horas. A noite estava abafada, quente demais. Eu não estava com menor vontade de ir para casa. Nunca gostei de dormir cedo. Resolvi pegar o carro e dar uma volta por essa cidade que não para. São Paulo não dorme. Nas ruas muitas pessoas. Bares lotados, rodas de amigos, muita gente. Desci a Sena Madureira rumo ao Ibirapuera. Liguei o som, tirei a gravata. Dirigia devagar, eu não tinha a menor pressa. Passei pelo Ibirapuera, Detran, 23 de Maio, Paulista que eu amava e acabei caindo propositalmente na Rua Augusta, um ponto de prostituição, de boates, cafetões e tudo o que gente solitária procura. Deixei o carro em um estacionamento e fui andar um pouco. Ia passando pelos inferninhos e era quase puxado para dentro. Devagar ia olhando tudo. Resolvi entrar em uma dessas boates. O ambiente era escuro, mas puder ver um grande números de garotas se exibindo. Umas com seios à mostra, outras de bikini, outras aparentemente normais. Parecia um açougue onde vc entra e escolhe um tipo de carne, mais gorda, mais magra, no ponto. Fui até o bar e pedi uma cuba libre. Fiqui alí olhando o movimento. Não pensava em nada. Não demorou e uma garota veio falar comigo, Rápida, direta e objetiva:
- Oi, meu nome é Alice, estava com uita vontade de sair daqui e ir para outro lugar. Tá muito quente e você me parece ser um cara legal.
Eu fiquei olhando aquela menina. Devia ter entre 19 e 20 anos. Não mais que isso. Tinha a pele branca, seios pequenos e um jeito meigo. Se eu a visse andando por ai, não diria que era uma garota de programa.
- Por que eu sairia com você?
- Você não está a fim é só dizer. Virou as costas e saiu. Pude olhar, seria uma bela mulher com certeza. O que será que uma mulher como Alice teria para me oferecer. Ela não deveria ter muita experiência. Fiquei pensando, seria mesmo muito bom sair dali e ter uma companhia agradável para dar um volta. Parei uma moça que passou e perguntei por Alice:
- Faz uns 10 minutos que ela saiu.
Paguei minha cuba e sai. Fui pegar o carro decidido esquecer o que houve e ir para casa. Precisava de um banho e minha cama. Sai do estacionamento e comecei a subir a Rua Augusta. Passando pelo ponto de ônibus vi Alice parada. Parei o carro, desci e fui até ela.
- Oi, eu procurei por você mas já havia saído. Quer uma carona? Deixo você em casa.
- Por que eu devo confiar em você se você não confiou em mim?
- Alice me desculpe, não foi por mal. Nunca vi uma garota pedir pra sair. Achei que isso não acontecesse. Apenas por isso. Deixa eu te dar uma carona?
- Tá bom, mas não estou a fim de ir para casa. Tô com fome.
- Vamos comer alguma coisa.
Ela entrou no carro, jogou sua bolsa no banco de trás, tirou a sandália alta e cruzou as pernas sobre o banco do carro. Estava definitivamente a vontade.
Eu dirigia sem saber ao certo para onde iria com aquele mulher.
- Onde você mora Alice?
- Meu nome não é Alice é Carla. Ana Carla. Eu moro aqui perto no centro.
- Mora sozinha?
- Com minha mãe.
As luzes dos postes passavam sem pressa por nós.
- Tem algum lugar que queria ir?
- Queria comer uma pizza?
- Tá bom. Vamos comer pizza. Eu também estou com fome.
Fomos para uma pizzaria na região do Itaim Bibi. Perto de onde eu morava. Havia uma que fechava bem tarde e eu conhecia. Sempre frequentava lá com amigos. Ela tinha uma boa aparência. Era uma mulher bonita. Sabia conversar. Ficamos ali sentados, bebendo vinho e comendo pizza. Olhei no relógio, eram duas horas da manhã.
- Bem, amei a noite, vou levar você pra casa. Amanhã levanto cedo.
- Tudo bem prevísivel. Só falta você dizer que é casado com uma mulher chata, dizer que está num final de relacionamento, que tem um filho problemático, essas coisas.
- Não sou casado, não tenho uma mulher chata, não tenho filhos, moro sozinho, sou dono da minha vida.
- Ah então vamos para a praia.
- Praia, fazer o que na praia?
- Ver o sol nascer, ver o mar, escutar as ondas.
- Não posso. São duas da manhã.
- Por favor, por favor.
Alguma coisa naquela mulher me fascinava. Não sei se essa falta de compromisso, se o espírito de aventura. A juventude despretensiosa. Sempre me relacionei com mulheres mais velhas. Centradas. Mulheres que adoravam chamar a atenção e que detestavam qualquer aventura. Ir para a praia de madrugada jamais.
- Então vamos, mas bate e volta.
- Bate e volta eu prometo que não vou abusar de você.
Eu confiava naquela menina disfarçada de mulher. Eu acabei de conhecê-la mas eu confiava nela. Abasteci o carro e fomos para o Litoral. Eu estava cansado, mas sem sono. Ela encostou no meu ombro e dormiu. A estrada estava vazia. Meu pensamentos voavam. Pensava em tudo e não pensava em nada. Lembrava da empresa e dos compromissos e esquecia. Pensava naquela loucura que eu estava fazendo e naquela mulher alí. Uma desconhecida. Ela deveria com certeza ter uma história de vida que enlouqueceria qualquer um. Senti uma vontade de protegê-la conseguia vê-la como uma mulher, como uma garota de programa.
Chegamos em Santos as 3 e meia da manhã. Ela acordou quando eu procurava um lugar para estacionar.
- Chegamos meu amor!
Meu amor??? Aquelas palavras me pegaram desprevenido. Senti o sangue ferver.
- Amor, você não tá cansadinho. Vamos para um hotel.
Estava sem palavras. Boate, passeio, pizza, praia e agora hotel. Uma leve excitação tomou conta de mim. Fui em busca de hotel beira mar. Arrumamos um quarto e fomos juntos. Ela agarrou em meu braço até o quarto. Abri a porta e ela foi e se jogou na cama e dormiu. Deitou e dormiu na mesma posição. Tirei suas sandálias, cobri seu corpo e fui tomar um banho. Estava exausto.
Depois do banho deitei do seu lado e dormi. Acordei com o sol na janela. Ela estava deitada em meu peito. Abraçada, jogada em mim. Seu perfume me seduzia.
- Aninha... Ana... Acorda...
Ela se espreguiçou e me beijou a boca ardentemente e nos amamos ali.
Ela sabia muito mais do que eu podia imaginar. Adorei ter amado aquela mulher. Ela é fascinante. Depois do nosso amor gostoso enquanto ela tomava banho eu entrava em contato com a empresa dizendo que só iria a tarde. Descemos para tomar café e acertar a conta. Depois do café, fomos dar uma volta na praia. Molhar os pés e voltar a velha rotina. Aquele amor ainda estava em mim. Posso dizer com certeza que desde que conheci o amor de uma mulher, aquela tinha me pegado de jeito.
Subimos a serra. Ela estava mais calada. Eu também estava calado.
O vento que entrava pelas janelas do carro resfrecavam meus pensamentos.
- Vamos nos ver novamente? - arrisquei perguntar.
- Não sei, pode ser.
E novamente ficamos em silêncio...


CONTINUA

Um comentário:

  1. amei essa história EDUARDO,MAS NÃO CONSIGO LER ATÉ O FIM MAS SÃO EMOCIONANTES AMEI ....

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