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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

BRIGAS*

Nossa briga de ontem me fez pensar.
Quantas palavras amargas, palavras que machucam. Tudo por uma besteira.
Você não conseguiu entender o que eu falava e eu não entendi porque derrepente, você virou para mim, um monstro. Veio com tudo para cima de mim. Falando, acusando-me de coisas absolutamente sem sentido. Falou de provocações, de ciúmes. Acusou-me de falta de atenção, de falta de desejo. Falou que eu me preocupava mais com minhas amigas do que com nossa vida. Falou do meu trabalho, da minha carreira.
Pela primeira vez em quatro anos de casados, dormimos sem falar uma palavra sequer. Cada um absorvido em seus pensamentos. Certos de tudo o que foi dito. A noite não passou. Pela primeira vez pensei se havia feito a escolha certa. Vi o dia nascer, sentada no sofá. Ele dormiu no quarto e em nenhum momento, levantou à noite para ver como eu estava. Ao contrário, chegou a roncar. Sempre foi assim. Ele parecia inatingível. Sempre fora assim. Apesar de me tratar sempre docemente, tinha uma postura meio que severa.
Senti-me só. Como há muito tempo não me sentia.
Quando o sol tocou a janela, tomei um banho e quando saí do banheiro, ele já estava de pé. Lia o jornal na mesa e suas primeiras palavras foram:
- Você não fez o café?
Entrei no quarto, troquei de roupa, peguei a chave do carro e saí sem dizer nada. Estava extremamente magoada. Dirigi olhando para o celular na esperança que ele tocasse e eu ouvisse a voz dele. Nada aconteceu.
Ainda era muito cedo e eu não havia comido nada, senti meu estômago reclamar. Parei em um posto de gasolina e fui comer alguma coisa. Havia algumas pessoas tomando seu café da manhã. Sentei em um lugar meio que afastado e pedi à garçonete um suco de laranja, um pão com manteiga e um café com leite. Comi e ele não saía do meu pensamento. Suas palavras tão rudes, pesadas, carregadas de ressentimentos e mágoas. Comi que nem senti o gosto de nada. Na hora que fui pagar, percebi que estava sem dinheiro, sem carteira, sem cartão, sem nada. Havia deixado tudo em casa. Liguei para casa para ver se ele podia trazer minha carteira e ele não estava mais em casa. Estava conversando com o gerente que simplesmente me disse:
- Deixe a chave do seu carro aqui e volte depois para pagar o que deve!
Eu não podia deixar o carro ali. Estava longe de casa. Presa ali, não tinha como sair simplesmente a pé.
- Eu pago a conta dela.
Quando olhei para trás, ele estava lá, segurando um enorme buquê de flores (Rosas Vermelhas) em uma mão e na outra, minha carteira.
Não pude me conter. Foi um misto de sensações. Amor, medo, nervoso e uma felicidade que não sabia que havia em mim. Ele apenas sorria. Corri e o abracei fortemente.
- Desculpa amor, por tudo. Eu não vou mais viajar. Vou ficar com você! Vou cuidar mais de você. Te dar mais atenção. Fazer café da manhã pra você.
- Você vai viajar sim! Você não, nós vamos! Eu tirei uns dias e vou com você!
Aquele era o homem que eu realmente amava. Se havia dúvidas, elas foram engolidas pelo amor que sinto...

Um comentário:

  1. É um texto muito bem escrito.
    Rápido, mas sem deixar escapar todos os detalhes e emoções.
    O final é surpreendente e faz do texto uma história bastante romântica.
    Adorei, até mesmo porque emociona às lágrimas.
    Parabéns!

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