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sexta-feira, 7 de agosto de 2009

FELIZ DIA DOS NÃO PAIS*

Nasceu no Jardim da Saúde, bairro da região do Ipiranga, zona Sul da cidade de São Paulo.
Não conheceu seu pai. Logo depois que completou um ano de idade, seu pai foi embora. Sua mãe era uma menina de 15 anos quando se casou. Seus avós cuidaram dele e de seus irmãos e da mãe também. A única coisa que tinha era a certeza que seu irmão lembrava muito o seu pai. Já tinha visto fotos e a semelhança era grande.
A vida apagou qualquer chance de encontro. Não fazia questão de encontrá-lo. Sua mãe contou tudo sobre ele. Se era verdade ou não, não importava. Ele acreditava nela. Na sua história. Nenhuma menina abandona sua casa, seus pais, se não for por amor. Ela o amou um dia.
Seus irmãos cresceram. Cada um seguiu sua vida. O irmão havia puxado o pai em tudo. Não gostava de trabalhar, bebia, fumava muito. Homem sem sonhos e nem perspectivas. Sua irmã, lutadora. Puxou a mãe. Não se deu bem no casamento e lutava contra o próprio destino. Mãe zelosa, criava com dificuldade seus filhos. Ele, mais um entre tantos abandonados pelo pai. Quis contrariar o mundo. Decidiu que ia ser feliz de qualquer maneira. Desligou-se do pai.
Num desses dias marcados pelo destino e sabe-se lá porque, encontrou seu pai, depois de 23 anos. Ele estava indo para a casa da irmã e viu de longe seu irmão. Não gritou e nem chamou, foi atrás. Chegou perto e viu que não era. Era um homem bem mais velho. Olhou e lembrou da foto. Era seu pai.
- Ricardo!
Aquele homem olhou.
- Você é meu pai. Eu sou o Eduardo, seu filho e da Marina.
Ele sentou no chão e começou a chorar. Chorou de, sabe-se lá o porque. Arrependimento, felicidade, raiva. Não se sabe. Levantou e começou a falar.
- Obrigado filho. Obrigado por falar comigo. Quero que saiba que tudo o que sua mãe contou é verdade. Tudo. Sou o que ela disse.
- Você já é avô. Tenho uma filha, meu irmão tem dois filhos e minha irmã mais dois. Você precisa conhecê-los.
- Como você me conheceu?
- Você é a cara do meu irmão ou meu irmão é a sua cara, o seu jeito. A mesma maneira de andar. Pensei que fosse ele. Por isso me aproximei.
- E ele está bem?
- Sim, todos estão bem. Eu, minha irmã, meu irmão, minha mãe e meus avós.
- Que bom, filho.
Ele olhava e achava estranho aquele homem o chamando de filho. Ele não era seu filho e aquele homem não era seu pai. Lembrou de todos os Natais que passou sem pai. Lembrou de todos os seus aniversários. Lembrou também do seu avô. O avô era o seu o pai. Foi ele quem esteve ali, na alegria e na doença. Era seu avô quem chegava e abria as panelas para saber o que havia para comer. Mas seu amor, sua compaixão pediam que aquele homem tivesse sua segunda chance e ele teve...
Resumindo, ele estava certo e sua mãe também... Ele era tudo aquilo, um alcoólatra, um preguiçoso e um desconhecido...

Um comentário:

  1. Belo,intenso,forte e contundente,post esse "Feliz Dia dos Não Pais!Além de verdadeiro,pois mães vivas até hoje ,filhos rejeitam!Intenso e Belo!

    Bzu Mãos suas escriba de Deus!

    Viva Vida!

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