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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

SOLIDÃO

A solidão foi comendo tudo que havia em mim.
Já não conseguia pensar direito e o que via, eram sombras. Sombras de tudo o que vivi.
Havia culpa demais em mim. Nada do que eu fizesse ou do que tentasse fazer, diminuiria aquela sensação. Eu estava sozinho. Muitas vezes eu chorava nas tantas noites que não conseguia dormir. Eu sabia. Eu sempre soube.
Ainda restava o prazer do abraços vazios dos meus filhos. Uns eram pequenos e não me condenavam. Os outros já me conheciam um pouco melhor.
Aos poucos fui morrendo sem perceber. Já não tinha ânimo para mais nada. O trabalho era a única forma que havia de esquecer por um momento. A solidão corroía meu eu. Estava tudo estampado em mim. Tatuado em minha alma. Fui definhando. Comia mal, dormia pouco. Tentava disfarçar e viver. Mas sentia a vida fugindo de mim.
Meus pais estavam distantes. Amigos eram nenhum. Família duas desfeitas. Morando numa casa fria, sem vida. Nada mais me dava alegria. Tentei remediar, consertar, mas algo ainda queimava em mim. As ruas sempre sem ninguém. Avenidas, vielas, becos.
A solidão fez de mim escravo. Tirou toda a cor do meu dia. Me condenou a vagar por aí. E vago por ai. Rastejando, comendo o resto que me é de direito. A mesa sempre vazia. A cama sempre fria.

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